terça-feira, 30 de agosto de 2011

Faça o que eu digo...

Subsecretário que coordenou Lei Seca atropela 4 pessoas e admite ter bebido vinho
“Subsecretário Estadual de Governo da Região Metropolitana, Alexandre Felipe Mendes atropelou pelo menos quatro pessoas, na noite de anteontem, no Engenho do Mato, Região Oceânica de Niterói.
(...)
Principal testemunha do acidente, um motoboy, que prestou depoimento à polícia, disse que Alexandre saiu do veículo ‘visivelmente embriagado’. O subsecretário deixou o local do acidente e só foi submetido a um teste de embriaguez mais de 16 horas depois. (...) O policial contou que pediu ao IML a verificação e obteve como resposta "negativo para embriaguez".
(...)
- Peguei o carro por volta das 22h30m e ia para a minha residência (na Região Oceânica), quando fui surpreendido pela bicicleta (de Hermínio) e perdi o controle do veículo. Foi uma coisa muito rápida. Quando vi, bati num poste – disse o subsecretário, chamando o caso de uma fatalidade e justificando o fato de não ter prestado socorro. – Fiquei nervoso, em estado de choque, imóvel.
(...)
O motoboy que testemunhou o atropelamento de Hermínio contou em depoimento ao delegado que Alexandre, após bater no poste, deu alguns telefonemas e foi retirado do lugar por um outro homem, que passava de carro. Segundo a polícia, quem tirou Alexandre do local foi Rodrigo Moreira, funcionário de um órgão da prefeitura na Região Oceânica, que chegou ao local dirigindo um Honda Civic.
(...)
Ele atropelou (Hermínio), não prestou socorro e foi embora. Mas acabou perdendo a direção e batendo no poste. Eu segui o carro e o vi saindo embriagado. Em seguida, veio o Honda Civic prata, ele entrou e desapareceu – disse a testemunha, (...)”
Estes são alguns trechos de uma reportagem de Ludmilla de Lima e Gabriel Mascarenhas, publicada da edição de 27 de agosto de 2011 do jornal O Globo.
Esta é mais uma daquelas notícias que a simples leitura do título desperta minha vontade de opinar sobre ela: Faça o que eu digo... A tradução do “...” é a seguinte: “mas não faça o que eu faço”. Conhecem esse ditado? Creio que sim, pois, infelizmente, ele é usado pela maioria dos componentes desta sociedade hipócrita. Se não fosse assim não teríamos a sociedade que temos. Trata-se de uma verdadeira aberração, pois o ditado é usado, justamente (ou seria injustamente?), por aqueles que devem dar o exemplo: educadores (pais e terceirizados), autoridades e chefes. Dá para pedir ao Pai para perdoá-los, pois eles não sabem o que fazem? Creio que não, pois eles são persistentes demais nos erros.
Falando, especificamente, sobre a reportagem quero dizer o seguinte. Vejam a “cara de pau” da vossa autoridade (o subsecretário). Fiquei nervoso, em estado de choque, imóvel. Tão imóvel que a única coisa que ele conseguiu fazer foi ligar para um funcionário da prefeitura pedindo que o tirasse do local do crime. Afinal, ele precisava de um descanso de 16 horas antes de ser submetido a um "rigoroso" exame de sangue que daria "resposta negativa para embriaguez". Para sorte do motoboy (a testemunha) ele não foi submetido ao mesmo exame, pois no seu caso o resultado daria "resposta positiva para embriaguez". E tal resultado não admitiria contestação. Afinal, quem vê sair, de um carro que se chocou contra um poste, um motorista que em apenas 16 horas teria sua sobriedade comprovada e alega ter visto alguém “visivelmente embriagado” só poderia estar bêbado, não é mesmo? É por essas e outras razões que não se deve confiar em testemunhas. Elas costumam ver tudo de forma equivocada! É duro ser autoridade neste país!

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