Excesso de trabalho mata. E, quando não mata, é improdutivoSabe o que significa "karoshi"? É o termo em japonês para "morte por excesso de trabalho", um mal que assola o Japão desde meados do século passado e parecia ter arrefecido, até ressurgirem notícias trágicas como a da publicitária de 24 anos que se matou após trabalhar até 105 horas extras, ou do enfarte da jornalista da rede NHK, de 31 anos, que só folgava dois dias por mês. Exaltar longos expedientes, supostamente uma forma de se colocar acima dos colegas em produtividade, na verdade, não passa de uma jogada improdutiva. Estudo da Universidade de Stanford constatou: expedientes semanais que excedam entre 40 e 49 horas acabam se tornando negativos, pois, quanto mais extensos, menos produtivos se tornam. E, quando uma pessoa trabalha acima de 53 horas semanais, os resultados obtidos acabam rendendo metade do que obteriam se respeitassem um limite aceitável.
Isso abala principalmente o mito cultuado no setor de startups, segundo o qual quanto mais horas se dedicam ao trabalho, mais resultados são obtidos. Na verdade, é o oposto: o estudo descobriu que uma das razões pelas quais startups fracassam é justamente cultuar longas jornadas sem saber distinguir entre o importante e o trivial durante o expediente. Isso leva equipes a cometerem erros estúpidos, que uma pessoa descansada facilmente evitaria. O estudo revelou também que, após longas jornadas de trabalho, programadores de computador, por exemplo, tendem a formular códigos repletos de erros ou criar mais problemas ao tentar depurar um software.
Esta é a íntegra de uma reportagem
publicada na edição de novembro de 2017 da revista Época Negócios, em uma seção intitulada INTELIGÊNCIA.
"Estudo da Universidade de Stanford constatou: expedientes semanais que excedam entre 40 e 49 horas acabam se tornando negativos, pois, quanto mais extensos, menos produtivos se tornam. (...) Isso leva equipes a cometerem erros estúpidos, que uma pessoa descansada facilmente evitaria. O estudo revelou também que, após longas jornadas de trabalho, programadores de computador, por exemplo, tendem a formular códigos repletos de erros ou criar mais problemas ao tentar depurar um software."
É impressionante a quantidade de novidades
antigas que nos são apresentadas nos dias de hoje! É impressionante a
quantidade de estudos e de pesquisas que nos são apresentados como descobridores
de coisas que um indivíduo - que conscientemente observe o que faz e atente
para as consequências do que faz - já percebera com relativa facilidade.
Será que para saber que "após longas
jornadas de trabalho, programadores de computador, por exemplo, tendem a
formular códigos repletos de erros ou criar mais problemas ao tentar depurar um
software.", é necessário que um estudo de uma universidade lhe diga isso
ou o simples fato de ser um profissional consciente e atento às consequências do
que faz é suficiente para que ele próprio descubra tal coisa? Comecei a
trabalhar com softwares em 1974 e, mesmo sem o auxílio de qualquer um desses
estudos, facilmente percebi a conclusão a que chegou o referido estudo.
"Na década de 1950, uma pesquisa feita num instituto de tecnologia do Estado de Illinois mostrou que os cientistas mais produtivos, os que publicavam mais artigos, passavam uma média de 20 horas por semana no local de trabalho. Os que passavam 35 horas publicavam menos. Os piores, em matéria de produtividade? Os que trabalhavam 60 horas por semana."
Citado como tendo sido
extraído do livro Rest, Why You Get More
Done When You Work Less (Descanso, Por Que Você Faz Mais Quando Trabalha
Menos), de Alex Soojung-Kim Pang, um veterano do Vale do Silício e fundador da
Restful Company, o parágrafo acima foi copiado de um artigo de Lúcia Guimarães
intitulado Vadiagem produtiva
publicado na edição de 3 de abril de 2017 do jornal O Estado de S. Paulo, e espalhado pelo blog Espalhando ideias em 4 de julho de 2017.
Ou seja, mostrar que, ao contrário do que a
maioria pensa (sic), o aumento da produtividade não é diretamente proporcional
à quantidade de horas trabalhadas, como revela o recente estudo da Universidade
de Stanford, é algo que já era feito no século passado; no milênio passado, não
é mesmo? É realmente impressionante a quantidade de novidades antigas que nos
são apresentadas nos dias de hoje!
A quem quiser ler mais sobre temas como trabalhar
demais, produtividade, eficiência e suas contrapartidas, segue uma relação de
postagens publicadas no blog Espalhando
ideias: Não é dedicação, é ineficiência (20.03.2012), Não é preguiça, é eficiência (16.03.2012), Contrate preguiçosos! (23.03.2012), Trabalhe menos (18.03.2013), Anfetamina espiritual (30 de março de 2016), Vadiagem produtiva (04.07.2017).
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