Rubem Novaes admite que instituição teria resultado melhor, mas que país não está preparado. Lucro líquido sobe 16,8% em 2018O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, disse ontem que acredita que a instituição teria um resultado melhor caso fosse privatizada. No entanto, afirmou que isso não está no plano do governo e que os ativos a serem vendidos são aqueles que não dependem da rede bancária para obtenção de resultados.- O BB ganharia com a privatização, mas não é essa a política do governo. Espero que um dia se chegue a essa conclusão, mas o país ainda não está preparado para isso. Essa é uma posição pessoal – disse Novaes, durante apresentação dos resultados do banco à imprensa.O BB é o maior banco do país, mas a sua rentabilidade é inferior à dos concorrentes privados. O retorno sobre o patrimônio líquido, que mede como um banco remunera o capital de seus acionistas, ficou em 13,9% em 2018, ante a faixa de 18% a 20% dos concorrentes privados. No ano passado, o BB registrou lucro líquido de R$ 12,862 bilhões, o que representa um aumento de 16,8% na comparação com o ano anterior, quando o ganho foi de R$ 11 bilhões.Na visão de Novaes, a instituição seria muito mais eficiente caso fosse privada, mas, como é pública, sempre há alguns "entraves". Embora veja como melhor caminho para o BB a privatização, o executivo afirmou que não há pressa para fazer desinvestimentos.
Estes são alguns trechos de uma reportagem de
Ana Paula Ribeiro publicada na edição de 15 de fevereiro de 2019 do jornal O
Globo.
BB ganharia com privatização, diz presidente do banco, eis o título da
reportagem de Ana Paula Ribeiro. Reportagem na qual são atribuídas ao tal
presidente as seguintes palavras: "- O BB ganharia com a privatização, mas não é
essa a política do governo. Espero que um dia se chegue a essa conclusão, mas o
país ainda não está preparado para isso. Essa é uma posição pessoal".
Palavras que me fazem
lembrar uma afirmação de Nuccio
Ordine, professor de literatura italiana da Universidade da Calábria, feita em um artigo intitulado Democracia líquida, publicado na edição
de 16.02.2014 do jornal O Estado de S.
Paulo: "Reduzir o valor da vida ao dinheiro mata
toda possibilidade de idealizar um mundo melhor.".
Considerando a afirmação de Nuccio Ordine e as palavras do presidente
do BB, redijo a seguinte paráfrase: "- O mundo ganharia com a conscientização, mas
não é essa a vontade daqueles que dele se julgam donos. Espero que um dia se
chegue a essa conclusão, mas o mundo ainda não está preparado para isso. Essa é
uma posição pessoal". Uma posição pessoal que espero que um dia seja uma posição
geral.
Conscientização que faria tal presidente perceber que, instituições públicas
e instituições privadas jamais deveriam concorrer, pois são instituições com finalidades
completamente diferentes. Enquanto as públicas têm por finalidade fomentar o desenvolvimento
social, as privadas têm por finalidade proporcionar aos seus donos e acionistas
um lucro financeiro cada vez maior. Um lucro financeiro que leva a afirmações
como as reproduzidas no próximo parágrafo, e parafraseadas a seguir.
- O BB ganharia com a
privatização, mas não é essa a política do governo – disse Novaes, durante
apresentação dos resultados do banco à imprensa. (...) Na visão de Novaes, a
instituição seria muito mais eficiente caso fosse privada, mas, como é pública,
sempre há alguns "entraves".
- O BB ganharia com a privatização, mas não é essa a finalidade
para a qual ele foi criado – digo eu, durante esta opinião sobre o que é dito pelo
presidente do BB na reportagem que provocou esta postagem. Na minha visão, a
instituição seria muito mais decente caso, sendo pública, buscasse a eficácia
(fazer as coisas certas), e não a eficiência (fazer as coisas da maneira
certa), mas, como é pública, sempre há alguns "entraves". "Entraves"
criados exatamente por aqueles que defendendo interesses escusos pretendem
tornar uma instituição cuja finalidade é fomentar o desenvolvimento social em
uma instituição cuja finalidade é proporcionar aos seus donos e acionistas um
lucro financeiro cada vez maior. Fazer da maneira certa coisas que não deveriam
ser feitas é algo que não deveria ser louvado. Dito isto, voltemos à
conscientização.
Conscientização que faria tal presidente perceber que, assim como jamais
se viu uma instituição privada tornar-se pública, jamais se deveria ver uma instituição
pública tornar-se privada, pois como já foi dito alguns parágrafos acima esses dois
tipos de instituição têm finalidades completamente diferentes.
Conscientização que possibilita perceber que, assim como em termos de
finalidade as instituições dividem-se em públicas e privadas; em termos de mentalidade
os indivíduos também podem ser divididos em públicos e privados. Sendo assim, para
evitar o risco de entregar a uma raposa a administração de um galinheiro, a
presidência de uma empresa jamais deveria ser entregue a alguém cuja
mentalidade seja incompatível com a finalidade da empresa que irá presidir.
Será que é difícil enxergar na reportagem reproduzida nesta postagem um
caso típico de colocação de alguém com mentalidade privada para presidir uma
instituição pública? Será que é difícil enxergar com que intenção é feita uma colocação
dessas? Será que faz sentido alguém, alegando seja lá o que, querer vender algo
que pertence a sociedade? Será que já lhes passou pela cabeça a ideia de que
vender algo que não é seu e receber comissão pela venda é coisa de corretores,
não de governantes, de presidentes de instituições e assemelhados?
Privatização total e irrestrita, ou seja, substituição de todas as
instituições de interesse público por instituições de interesse privado, eis o
que os corretores que ocupam o governo deste país apontam como única solução
para os males que o assolam. E que a imensa maioria da população aceita
passivamente como verdade.
Será que algum dia a imensa maioria da população deste país
conseguirá perceber que quando os supostos governantes falavam em privatização
eles não se referiam à instalação de privadas onde toda a população poderia
jogar a merda, e sim a colocação de mais gente na merda?
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