sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Empresa americana investe em máquina, não em gente


Motivo é alto custo do trabalho e menor gasto com capital; EUA produzem o mesmo do pré-crise, mas com 7 milhões de vagas a menos
As empresas americanas que buscam impulsionar seus negócios não contratam mais trabalhadores. A combinação de custo do trabalho em alta e gastos com equipamentos em baixa encoraja companhias a investir em máquinas, não em gente.
‘Tudo deve ser tão automatizado quanto possível. Não podemos nos dar o luxo de competir com países como China no quesito custo de trabalho, especialmente quando os trabalhadores se tornam cada vez mais caros’, disse Dan Mishek, diretor da Vista Technologies, em Minnesota, nos Estados Unidos.
(...)
Custo de contratar
Contratar tem mais custos do que salários e benefícios.
‘Quando temos uma vaga aberta, recebemos um monte de currículos de pessoas que não são nem um pouco qualificadas, pessoas com currículos com erros de ortografia, pessoas que nunca estiveram no setor e querem mudar de carreira’, diz Mishek. Fazer triagem dos currículos leva três dias. Depois, tem de arranjar tempo para fazer entrevista e gastar US$ 150 com cada exame de drogas. Quando o funcionário é contratado, participa de um programa de segurança que custa US$ 7.000. Finalmente, os melhores funcionários diminuem sua produtividade ao gastar meses treinando o novo empregado.
(...) Alguns economistas apóiam políticas para reequilibrar esses gastos. Andrew Sum, economista da Northeastern University, defende incentivos fiscais semelhantes aos incentivos para maquinário.”
Estes são alguns trechos de uma reportagem do New York Times, publicada na edição de 11 de junho de 2011 do jornal Folha de São Paulo.

Será que faz sentido chamar de sociedade um conjunto de pessoas no qual haja qualquer outro interesse acima do social? Em minha opinião, não. Uma sociedade é caracterizada pela vivência daquela afirmação tão facilmente repetida, porém dificilmente praticada: tudo pelo social. E se é tudo, é óbvio que também a economia deve estar a serviço do social. E sendo assim, empresas não devem se eximir da responsabilidade social. Coincidentemente, enquanto redigia este texto, ouvi em um telejornal a notícia de que o papa pediu que seja priorizado o homem e não a economia. É lamentável que ainda não vivenciemos o que o papa solicita. Em uma sociedade que faça jus a tal denominação, não cabe a afirmação de que a economia vai bem, mas o povo vai mal. Não cabe a atitude de privilegiar o lucro de empresas à custa de empregos de trabalhadores. Em uma verdadeira sociedade, pessoas merecem mais consideração do que máquinas. Portanto, se tudo o que foi dito acima não ocorrer, esta coisa na qual sobrevivemos não deve ser chamada de sociedade, pois não passa de um aglomerado confuso e anti-social.

Em vez de auxiliar o homem as máquinas estão tomando-lhe o lugar. Tudo deve ser tão automatizado quanto possível, diz um diretor de empresa, na reportagem que originou esta postagem. E o sonho das empresas é que seja possível automatizar tudo. Mas tal sonho pode lhes trazer um pesadelo, pois se é possível automatizar a produção, o mesmo não ocorre com o consumo. Se a produção chegar a ser totalmente automatizada e todos os trabalhadores ficarem desempregados quem comprará os produtos fabricados?

Cegos diante da possibilidade de não necessitarem mais de empregados as empresas empurram os desempregados para a busca de outros meios de sobrevivência. E entre tais meios sobressai o que as empresas chamam de pirataria. Sem a possibilidade de trabalhar na fabricação de produtos originais os desempregados passam a concorrer com as empresas e a oferecer produtos mais baratos do que os por elas fabricados. É a repetição do comportamento das empresas: buscar o mais barato em detrimento de qualquer outra coisa. Que fique bem claro que não estou defendo a pirataria, e sim atacando a ideia do investimento em máquinas e não em gente. Em uma sociedade, a prioridade deve ser o homem e não a máquina. Ser ajudado pela máquina, sim; ter seu lugar tomado por ela, não.

Saber qual é o limite para as ações nocivas praticadas pelo homem contra sua própria espécie está além da minha capacidade. Por isso, preocupa-me a possibilidade de estar correta a seguinte afirmação de Albert Einstein: Existem apenas duas coisas infinitas – o Universo e a estupidez humana. E não tenho tanta certeza quanto ao Universo. E ainda há quem insiste em chamar esta espécie de homo sapiens! Pai, perdoai-os, eles não sabem o que fazem.

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