sábado, 2 de junho de 2012

Fael comemora seus dois meses como milionário, mas o R$ 1,5 milhão continua intacto: ‘Ganho bem fazendo presença vip’

Há exatamente dois meses, um veterinário franzino lá de Aral Moreira, no interior do Mato Grosso do Sul, levava a melhor no “Big Brother Brasil ”. O prêmio de R$ 1,5 milhão veio para mudar a vida de Fael. Mas, até agora, ele não gastou um só centavo. A fama que veio junto com o programa é que tem bancado sua nova vida.
— Ganho bem para fazer presença vip, como não vou gostar de fazer? — diz ele, que mantém o R$ 1,5 milhão no banco: — Está lá rendendo, “crescendo”.
Morando num flat na Barra da Tijuca, de frente para a praia, Fael agora leva uma vida de patrão, como ele mesmo explica.
— Ó onde eu tô! Três horas da tarde e eu sentado na varanda, tomando meu tereré (bebida típica no Mato Grosso do Sul) de frente para esse marzão! Só que a responsabilidade também aumentou demais — resume Fael, que, apesar de ter uma empresária, toma conta de tudo: — Tenho muito medo de ser passado para trás, por isso estou sempre em cima do lance. Leio tudo antes de assinar qualquer coisa.
(...) Fael já está vendo terrenos no Mato Grosso do Sul para investir o prêmio. É para lá que ele quer voltar assim que a poeira abaixar:
— Tenho comprado gado sem mexer no R$ 1,5 milhão. Quero usar a grana para plantar eucalipto.
Estes são alguns trechos de uma notícia publicada em 29 de maio de 2012 no extra.globo.com.
Ao contrário da anterior, esta postagem tem um título enorme (o maior já publicado neste blog), mas, no meu entender, o título desta poderia ser o mesmo daquela: 'Somos uns boçais!'. Afinal, como classificar os elementos de uma sociedade onde milhões recebem um salário mínimo para trabalhar muito, enquanto um mínimo ganha milhões para fazer nada? Onde uns precisam estar presentes durante uma quantidade cada vez maior de horas em seu local de trabalho para receber remunerações cada vez menores, enquanto "celebridades" ganham quantias cada vez maiores para fazer presença vip em locais sei lá de quê. Onde qualquer indivíduo de corpo sarado e mente muitas vezes doente torna-se "celebridade" pelo simples fato de exibir suas "qualidades" em um programa de TV que estimula qualquer baixaria que aumente o índice de audiência. Onde milhões trabalham duro para conseguir comprar alguns gramas de carne, enquanto um compra gado sem mexer no R$ 1,5 milhão que recebeu, pois a profissão de ex-BBB o possibilita ganhar dinheiro fazendo nada. A fama que veio junto com o programa é que tem bancado sua nova vida. Fama que veio, simplesmente, por ter ficado algum tempo em um programa de televisão fazendo nada.
Aliás, falar em profissão me faz lembrar algo que li em 19 de março de 2011 no jornal O Estado de S. Paulo. Em uma coluna intitulada Twittadas da semana há um questionamento atribuído à atriz Ingrid Guimarães: "Por que ninguém sai do BBB dizendo: 'quero ser advogado ou engenheiro'?". Não sei se ela já havia encontrado a resposta, mas a notícia que provocou esta postagem responde a pergunta de Ingrid. Por que querer ser advogado ou engenheiro se o (a) sarado (a) já sai do BBB com uma profissão mais rentável e menos trabalhosa do que essas duas: ex-BBB. Acho Ingrid Guimarães muito conservadora em termos de profissões, pois hoje existem outras profissões bastante interessantes: ex-BBB, modelo (para promover roupas ou, principalmente, para se promover posando sem elas), amigo etc. Sim, amigo virou profissão e para os que não a conhecem sugiro a leitura da postagem Profissão: amigo, publicada neste blog em 20 de maio de 2012.
Portanto, se me fosse solicitado qualificar uma sociedade onde tudo o que foi dito acima é considerado normal eu a classificaria como boçal. E sendo assim esta postagem poderia ter ficado com um título mais curto: 'Somos uns boçais! (2)'. Como tal solicitação não me foi feita, acabei mantendo a ideia de usar o próprio título da notícia, mas que esta sociedade é boçal eu não tenho a menor dúvida!

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