quinta-feira, 21 de junho de 2012

Obama se diz 'preocupado' com país e condena ataque

Presidente americano afirma que 'pobreza' e 'instabilidade' favorecem a disseminação do extremismo no Iêmen
“O presidente dos EUA, Barack Obama, condenou ontem o ataque suicida que matou mais de 90 soldados em uma praça de Sanaa, capital do Iêmen. O presidente americano apresentou suas 'sinceras condolências' a seu colega iemenita, Abd Rabo Mansour Hadi, e classificou a ação como um 'covarde atentado terrorista'.
Ontem, após a cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em Chicago, Obama disse que a Casa Branca está 'muito preocupada' com a presença da Al-Qaeda no Iêmen. De acordo com o presidente, Washington está trabalhando junto com o governo iemenita para identificar os líderes da Al-Qaeda na Península Arábica (AQPA), organização que reivindicou a autoria do ataque suicida de ontem.
'Continuaremos trabalhando com o governo iemenita para tentar identificar os líderes e as operações da Al-Qaeda na Península Arábica, com o objetivo de eliminá-las', afirmou.
Para Obama, a pobreza e a instabilidade no Iêmen favorecem a disseminação de organizações extremistas no país. 'A cooperação é fundamental para a segurança dos EUA e também é importante para a estabilidade do Iêmen e da região', declarou Obama, que estendeu sua preocupação à Somália e ao Mali, onde as condições igualmente precárias permitem a proliferação do extremismo.
O presidente acrescentou que seu governo pretende continuar com os bombardeios de aviões não tripulados a alvos da AQPA no país - os ataques têm causado vítimas civis e piorado a imagem dos EUA no Iêmen.
John Brennan, chefe antiterrorismo da Casa Branca, também condenou o ataque. Em telefonema para Hadi, ele ofereceu mais ajuda americana e reforçou o compromisso de Washington com o combate ao terrorismo.
Esta é a íntegra de uma reportagem de Denise Chrispim Marin, publicada na edição de 22 de maio de 2012 do jornal O Estado de S.Paulo.
Que atitude lamentável! Um presidente americano realizando um verdadeiro atentado contra a inteligência de quem é capaz de interpretar aquilo que ouve e que lê. Afinal, se a pobreza e a instabilidade favorecem a disseminação extremista e, consequentemente, o terrorismo por que não atuar sobre as causas, em vez de ficar bombardeando os efeitos? Porque bombardear os efeitos é mais lucrativo. Afinal, para um país que tem na indústria bélica a sua principal receita bombardear e fomentar guerras é algo, simplesmente, imprescindível.
"A cooperação é fundamental para a segurança dos EUA e também é importante para a estabilidade do Iêmen e da região', declarou Obama, que estendeu sua preocupação à Somália e ao Mali, onde as condições igualmente precárias permitem a proliferação do extremismo." Reparem que a cooperação tem peso diferente para os EUA e para o Iêmen. Para a segurança dos EUA ela é fundamental, para a estabilidade do Iêmen é apenas importante. Aliás, creio que colaboração tenha significados diferentes para os dois países. Para os EUA significa a colaboração do Iêmen na eliminação de terroristas. Para o Iêmen significa a colaboração dos EUA na eliminação da pobreza que, segundo a opinião de Obama, favorece a disseminação extremista.
"O carrasco pode suprimir o criminoso, mas a miséria mantém o crime", diz Coelho Neto (1864-1934), escritor, político e professor brasileiro, membro da Academia Brasileira de Letras onde foi o fundador da Cadeira número 2. Mutatis mutandis, "Os EUA podem suprimir o terrorista, mas a pobreza mantém o terrorismo". Mas, como um país que se considera extremamente eficiente os EUA pretendem com uma só cajadada, digo, com um só bombardeio acabar com as duas coisas: o terrorismo e a pobreza. É o que deduzo ao ler o seguinte trecho da reportagem: os ataques têm causado vítimas civis e piorado a imagem dos EUA no Iêmen. Ou seja, matando não só os terroristas, mas também os pobres os dois problemas estarão resolvidos. Quanto à imagem dos EUA no Iêmen, creio que seja algo que eles imaginem resolver com uma antena adequada.
No meu entender, aquela famosa pergunta da Legião Urbana - Que país é esse? - serve também para os EUA. "Que país é esse?" que imagina ser possível conseguir a paz através da força? Que se julga o desenvolvedor da paz no mundo, mas que tem na indústria da guerra a sua principal receita. Que considera eficiente uma economia que consome quarenta por cento dos recursos naturais do mundo para sustentar seis por cento da população mundial. Será que dá para associar esta informação à pobreza, que, segundo Obama, favorece a disseminação de organizações extremistas? Afinal, para sustentar tal economia é inevitável explorar outros povos, não é mesmo? Quanta hipocrisia!
Hipocrisia que pode ser praticada sem qualquer receio, pois, mesmo tendo as "qualidades" citadas no parágrafo anterior, o referido país possui uma assombrosa legião de admiradores que acredita em sua propaganda enganosa (para mim isto é uma redundância) que apregoa ser ele um modelo a ser imitado. Há os que acreditam por ignorância, mas o pior é acreditar por conveniência e / ou subserviência. Obama se diz 'preocupado' com país e condena ataque, é o título da reportagem. Guedes se diz 'preocupado' com país e condena apoio, poderia ser o título de um texto focalizando o apoio as ações de um país que só se preocupa com ele mesmo.

Nenhum comentário: