domingo, 17 de novembro de 2013

CIA admite ter tramado golpe no Irã em 1953

Com apoio do Reino Unido, premiê foi derrubado por nacionalizar o petróleo
"A CIA, agência de espionagem dos EUA, admitiu a autoria do golpe que derrubou no Irã o premiê secular e democraticamente eleito Mohamad Mossadegh, há 60 anos. O papel da CIA foi confirmado em papéis oficiais divulgados no site do instituto de pesquisa do Arquivo de Segurança Nacional dos EUA.
"O golpe militar que derrubou Mossadegh [...] foi realizado sob direção da CIA como um ato de política externa americana concebido e aprovado pelas mais altas instâncias do governo", diz o texto, liberado em virtude da lei de acesso à informação. O documento mostra ainda que o Reino Unido, coautor do golpe, pediu aos EUA que evitassem divulgar qualquer documento sobre a ação para não gerar "situação muito constrangedora."
Americanos e britânicos derrubaram Mossadegh em agosto de 1953 em represália à decisão do premiê de nacionalizar a indústria de petróleo iraniano. A nacionalização era apoiada pela população e pela classe política, por prometer equilibrar o lucro obtido com o petróleo. Ocidentais ficavam com a maior parte do faturamento, enquanto o Irã nunca obteve mais do que 17% das receitas, segundo historiadores. EUA e Reino Unido também temiam que, no contexto da Guerra Fria, o Irã caísse sob influência da URSS.
Espiões americanos infiltrados no país conseguiram criar um caos, financiando ações de vandalismo em larga escala e corrompendo clérigos e políticos. O premiê foi preso, e o xá Mohamed Reza Pahlavi, aliado ao Ocidente, recuperou os seus poderes, que haviam sido reduzidos pelos nacionalistas."
Esta é a íntegra da reportagem de Samy Adghirni, publicada na edição de 20 de agosto de 2013 do jornal Folha de S.Paulo.
A escassez de tempo para me dedicar aos dois blogs fez com que apenas agora eu apresentasse aqui essa reportagem publicada há quase três meses. Se bem que, para quem demorou 60 anos para tomar conhecimento do que nela é dito, três meses a mais ou a menos não devem fazer qualquer diferença, não é mesmo?
Liberado em virtude da lei de acesso à informação, 60 anos após sua realização, aquele país que arroga a si a pretensão de implantar a democracia pelo mundo afora, admite ser o autor do golpe que derrubou no Irã o premiê secular e democraticamente eleito. Demorou bastante, não? Mas é assim mesmo, pois não é esse o primeiro, tampouco será o último caso de admissão tardia de autoria de atos condenáveis.
"Americanos e britânicos derrubaram Mossadegh em agosto de 1953 em represália à decisão do premiê de nacionalizar a indústria de petróleo iraniano. A nacionalização era apoiada pela população e pela classe política, por prometer equilibrar o lucro obtido com o petróleo. Ocidentais ficavam com a maior parte do faturamento, enquanto o Irã nunca obteve mais do que 17% das receitas, segundo historiadores."
Para aqueles que não perceberam, seguem algumas coincidências. Foi naquele mesmo ano que, apoiada pela população e pela classe política, sob o lema "O petróleo é nosso", foi criada, no Brasil, a empresa cuja existência não era do interesse daquele país que se julga dono de todo e qualquer petróleo existente nos demais países deste planeta. Aliás, também segundo historiadores, a campanha contra tal empresa (Petrobras) começara em 1939 (com a intenção de impedir sua criação), desde a abertura do primeiro poço, pois sempre foram muito fortes os interesses contrários à instituição do monopólio estatal da pesquisa, lavra, refino e transporte do petróleo nacional.
Mas voltando ao assunto da demora em admitir a autoria de atos condenáveis, encerro esta postagem deixando no ar uma questão: quanto tempo demorará até serem conhecidos os verdadeiros autores da derrubada das torres gêmeas do World Trade Center? Quem viver verá, e eu não estarei entre os que verão, pois a quantidade de anos que ainda permanecerei nesta dimensão é insuficiente para esperar por tal revelação.

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