Em discurso na sede da OEA, secretário de Estado dos EUA diz que a era da Doutrina Monroe não existe mais"O secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou ontem que a "era da Doutrina Monroe acabou" e que a relação que os EUA buscam não é mais sobre "como e quando vamos intervir em outros Estados", mas que todos os países americanos se vejam "como iguais, compartilhando responsabilidades e cooperando na segurança". O discurso foi feito na sede da Organização dos Estados Americanos (OEA), e o tema era a política americana para o hemisfério ocidental. A fala já tinha sido adiada uma vez em razão do conflito na Síria. Em vez de intervenções, o secretário de Estado disse que os vizinhos hoje fazem "decisões como parceiros".A chamada Doutrina Monroe, lançada pelo presidente James Monroe em 1823, defendia a "América para os americanos", com intuito de impedir qualquer nova colonização europeia, e que, na prática, promovia a hegemonia dos EUA na região. "Unilateralmente, os EUA se declararam protetores da região, exercendo nossa autoridade para se opor à influência europeia. Sucessivamente, vários presidentes seguiram essa ideia. Mas essa era acabou".No longo discurso, Kerry não fez menção à quebra de confiança causada pelas denúncias de espionagem no Brasil. Nem às mais controversas políticas americanas na região, como a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) ou a guerra às drogas. A Venezuela foi mencionada apenas uma vez, pelos "tropeços" em sua democracia.(...) Ele dedicou um bom tempo a falar das oportunidades no setor energético. "Um mercado de US$ 6 trilhões com 4 bilhões de usuários", disse. "Nos anos 90, a renda de todos os setores dos EUA subiu graças à revolução tecnológica dos computadores pessoais e da internet. O mercado energético é seis vezes maior que esse", e elencou as possibilidades com biomassa no Brasil e de gás de xisto nos EUA e na Argentina.Assim como já fez em Brasília, Kerry citou outra vez Paulo Coelho, "um dos escritores mais lidos no mundo". "Quando nós menos esperamos, a vida nos coloca um desafio para testar nossa coragem e nossa vontade de mudar". Kerry emendou: "Teremos a coragem das escolhas duras e vontade de mudar?".
Esta é quase a íntegra de uma reportagem de Raul Juste Lores, publicada na edição de 19 de
novembro de 2013 do jornal Folha de S.Paulo.
"Um mercado de US$ 6 trilhões com 4 bilhões de usuários", disse o secretário de Estado americano. Considerando que a população deste planeta já ultrapassou os 7 bilhões, entendo que, para ele, de duas uma: mais de 40% dela simplesmente não existe ou está alijada de tal mercado. Aliás, para quem enxerga um planeta como um simples mercado, para os que não conseguirem participar dele (mercado), o melhor mesmo seria não existir. Tratar um planeta com um simples mercado! Será este um dos grandes equívocos desta pretensa espécie inteligente do Universo? Espécie inteligente! Intriga-me demais esta expressão! Espécie que de tão inteligente ainda consegue até iludir-se com lorotas como essa de um dos secretários do tal mercado!
"Quando nós menos esperamos, a vida nos coloca um desafio para testar nossa coragem e nossa vontade de mudar". Kerry emendou: "Teremos a coragem das escolhas duras e vontade de mudar?"
"Quando nós menos esperamos, a vida nos coloca um desafio para testar nossa inteligência e nossa vontade de interpretar". "Teremos a inteligência dos raciocínios duros e vontade de interpretar corretamente as conversas moles com as quais os nossos amigos (sic) do Norte sempre nos engabelaram?
"(...) a relação que os EUA buscam não é mais sobre "como e quando vamos intervir em outros Estados", (...) Em vez de intervenções, o secretário de Estado disse que os vizinhos hoje fazem "decisões como parceiros".
Belas palavras, não? E, de certa forma,
verdadeiras! Afinal, desde que os vizinhos, "como parceiros, passem a
fazer decisões" que atendam os interesses norte-americanos deixa de fazer
sentido invadi-los militarmente, não é mesmo? A partir do momento em que os
vizinhos aceitem, pacificamente, uma invasão cultural, uma intervenção militar
torna-se algo desnecessário.
"No longo discurso, Kerry não fez menção à quebra de confiança causada pelas denúncias de espionagem no Brasil. Nem às mais controversas políticas americanas na região, como a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) ou a guerra às drogas. A Venezuela foi mencionada apenas uma vez, pelos 'tropeços' em sua democracia."
Basicamente, existem dois tipos de discurso.
Um em que alguém diz o que precisamos ouvir; outro em que alguém diz o que
queremos ouvir. No primeiro, o discurso será benéfico para quem ouve; no
segundo, para quem fala. Em qual dos dois tipos vocês enquadram "as
conversas moles com as quais os nossos amigos (sic) do Norte sempre nos
engabelaram"?
"(...) Ele (o secretário de Estado americano) dedicou um bom tempo a falar das oportunidades no setor energético. "Um mercado de US$ 6 trilhões com 4 bilhões de usuários", disse."
Nenhum comentário:
Postar um comentário