terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Abre nos EUA primeira clínica para viciados em internet

Programa, que se baseia na terapia cognitiva, dura 10 dias e custa US$ 14 mil
"- PENSILVÂNIA - Pessoas que não conseguem viver sem estarem permanentemente conectadas ao Facebook, Twitter, jogos eletrônicos, sites de pornografia ou de compras eletrônicas já podem receber assistência médica e psicológica nos Estados Unidos, que abriu o primeiro centro no país para tratar de usuários com essa dependência. O hospital Bradford Regional Medical Center, na Pensilvânia, foi criado pelo psicólogo Kimberly Young em resposta a grande demanda de pacientes voluntários que recebem internação de dez dias, ao custo de US$ 14 mil.
O programa se baseia nos princípios da terapia cognitiva comportamental "desintoxicando" o paciente nas primeiras 72 horas. Durante a internação, os pacientes se submetem a terapias psicológicas, aprendem a interagir com a tecnologia de forma saudável e participação de convivência de grupos.
O médico alerta que, como as drogas ou o álcool, o vício em internet pode afetar qualquer um, independentemente da idade, sexo ou condição econômica."
Esta é a íntegra da notícia publicada na edição de 28 de setembro de 2013 do jornal O Globo.
Abre nos EUA primeira clínica para viciados em internet. Primeira?! Como assim? Depois de tanto tempo e de tantos viciados, só agora foi aberta a primeira clínica? Como interpretar tal notícia? Sob o ponto de vista da Lei da Oferta e da Demanda talvez seja uma boa opção. Afinal, se não há demanda para que oferta? Mas, segundo a notícia, a clínica foi criada em resposta a grande demanda de pacientes voluntários, o que, para mim, é algo animador, pois significa que viciados começam a perceber a situação em que se encontram e a buscar solução para o vício.
Outra coisa dita na notícia é que durante a internação os pacientes aprendem a interagir com a tecnologia de forma saudável e a participar de convivência em grupos. Aprender a participar de convivência em grupos! Parece estranho, não? Afinal, se todos vivem conectados durante todo o tempo faz sentido precisar aprender a participar de convivência em grupos? Sim, faz todo sentido, pois, por incrível que pareça, é, exatamente, o fato de estar conectado com todos, durante todo o tempo, que impede as pessoas de conviverem com aqueles que estejam ao seu redor.
Se nos Estados Unidos, só agora foi aberta a primeira clínica para viciados em internet, aqui nós já estamos mais avançados. São do professor Cristiano Nabuco, coordenador do Grupo de Dependência de Internet do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (em uma reportagem de Anna Carolina Papp, publicada na edição de 15 de outubro de 2012 do jornal O Estado de S. Paulo) as seguintes palavras: "Hoje as pessoas trocaram o prazer de estarem juntas pelo prazer de comunicar". Ou seja, trocaram o prazer de encontros ao vivo, capazes de abrandar a sede de afeto, algo do qual a espécie humana é cada vez mais carente, pelo vício em conexões tecnológicas, algo cuja principal consequência é, exatamente, o agravamento de tal sede.
"Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?" é a pergunta feita em uma antiga propaganda. Usamos cada vez mais as redes sociais porque somos solitários ou somos cada vez mais solitários porque usamos cada vez mais as redes sociais? Pergunto-lhes eu. A grande demanda de pacientes voluntários que recebem internação de dez dias, ao custo de US$ 14 mil, do hospital Bradford Regional Medical Center, na Pensilvânia, parece indicar que a resposta correta seja a segunda opção. E vocês, o que acham?

2 comentários:

Anônimo disse...

Sou Luciana, 41 anos, santista e hoje residente em Blumenau-SC. Concordo plenamente com tudo o que foi dito desse pediatra extraordinário que foi Dr. Carlos. Minha avó, Maria Alice, auxiliar de enfermagem aposentada da prefeitura de Santo André, conta até hoje com muito carinho histórias de como Dr. Carlos tratava muito bem as crianças, principalmente as mais carentes.

Guedes disse...

Prezada Luciana,

Se ler a reportagem de Andressa Taffarel na qual ela nos possibilita tomar conhecimento da vida de alguém que viveu como um autêntico ser humano foi algo bastante estimulante, ler um comentário enviado por alguém que endossa o que foi dito pela repórter é algo que me deixa muito feliz por ter escolhido tal notícia para publicar neste blog. Afinal, em uma sociedade onde predomina a divulgação de maus exemplos, divulgar notícias como a da postagem “Nunca cobrou por uma consulta” é uma maneira de espalhar bons exemplos a serem seguidos, não é mesmo?

Abraços,
Guedes