segunda-feira, 8 de junho de 2015

Delação premiada pode render até R$ 20 milhões a Youssef

Acordo prevê recompensa de 2% sobre o valor que ajudar a recuperar
- SÃO PAULO - Além de garantir pena máxima de cinco anos de prisão, o doleiro Alberto Youssef terá, com sua delação premiada, uma vantagem financeira ao fim da operação Lava-Jato. No acordo, a sua defesa conseguiu a inclusão de uma cláusula de performance, a chamada taxa de sucesso, na qual ele receberá 2% de todo o dinheiro que ajudar a recuperar. Caso a Justiça consiga, com o apoio de Youssef, colocar as mãos na fortuna de R$ 1 bilhão que circularia em paraísos fiscais, o doleiro embolsará R$ 20 milhões no final da ação.
O valor é metade de todos os recursos confiscados pela Justiça em nome de Youssef, acusado de criar empresas de fachada para enviar ao exterior dinheiro desviado por empresas envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras. Além de imóveis e carros de luxo, a PF apreendeu R$ 1,8 milhão no escritório do doleiro em São Paulo. O acordo de delação premiada foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal em dezembro do ano passado.
TAXA DE SUCESSO É COMUM
A cláusula de performance de Youssef é de 1/50. Ou seja, ele receberá R$ 1 milhão para cada R$ 50 milhões recuperados. A chamada taxa de sucesso é comum nas operações do mercado financeiro.
- Não se trata de privilégio, pelo contrário, tudo foi negociado com a Justiça estritamente dentro da lei. A delação é premiada, portanto, pressupõe vantagens ao meu cliente - disse Antonio Figueiredo Basto, que defende Youssef. (...)
IMÓVEIS E CARROS DE VOLTA
Ainda segundo o acordo, voltarão para as mãos da família três imóveis e dois automóveis de luxo blindados. Entre os bens apreendidos de Youssef estão 74 apartamentos em um hotel em Aparecida, no interior de São Paulo, seis apartamentos de um hotel de luxo em Londrina, 35% das ações de um hotel em Jaú, também em São Paulo, e 50% de um terreno de 4,8 mil metros quadrados, avaliado em R$ 5,3 milhões.
Figueiredo Basto voltou a afirmar que seu cliente é "uma peça da engrenagem" do esquema de corrupção na Petrobras. Segundo ele, Youssef se colocou à disposição da Justiça não só para arrecadar recursos desviados como também chegar a pessoas envolvidas nas fraudes.
Estes são alguns trechos de uma notícia publicada na edição de 25 de janeiro de 2015 do jornal O Globo.
Vocês sabem quem é o autor da afirmação O crime não compensa? Eu não sei. Mas, segundo o respeitado rabino Nilton Bonder, O crime descompensa. Há um livro dele com esse título. E falando em título, segundo o subtítulo desta notícia, creio que na linha de afirmações apresentada neste parágrafo, a melhor delas talvez seja a seguinte: O crime recompensa. "Acordo prevê recompensa de 2% sobre o valor que ajudar a recuperar", diz o subtítulo.
E voltando à primeira das afirmações citadas no parágrafo anterior, segue uma brilhante afirmação do genial Millôr Fernandes: "Quando disserem que o crime não compensa, você tem de lembrar que isso é porque, quando compensa, não é crime.". Segue um exemplo da veracidade da afirmação de Millôr.
"(...) tudo foi negociado com a Justiça estritamente dentro da lei. A delação é premiada, portanto, pressupõe vantagens ao meu cliente - disse Antonio Figueiredo Basto, que defende Youssef."
"tudo (...) estritamente dentro da lei, disse Antonio Figueiredo Basto, que defende Youssef.". Tudo estritamente contrário ao estranho conceito que tenho do que seja Justiça. Um estranho conceito de que Justiça é algo que não aceita negociação. Faz sentido negociar o que seja certo ou errado?
"A delação é premiada, portanto, pressupõe vantagens ao meu cliente - disse Antonio Figueiredo Basto, que defende Youssef."
Tenho, realmente, um conceito de Justiça muito estranho, pois no meu conceito, algo cuja finalidade seja julgar se um ato é certo ou errado jamais deveria premiar ou oferecer qualquer tipo de vantagem àquele que praticou tal ato. Mas a minha perplexidade com as divergências entre o meu conceito de Justiça e o que está sendo aplicado no caso da delação premiada não pára no que foi dito até o parágrafo anterior. Segue mais uma pérola.
"A cláusula de performance de Youssef é de 1/50. Ou seja, ele receberá R$ 1 milhão para cada R$ 50 milhões recuperados. A chamada taxa de sucesso é comum nas operações do mercado financeiro."
Como assim?! A Justiça usa operações comuns do mercado financeiro?! Sim, mas "tudo (...) estritamente dentro da lei, disse Antonio Figueiredo Basto, que defende Youssef.".
"tudo (...) estritamente dentro da lei! "Se o povo soubesse como são feitas as leis e as salsichas, ninguém mais dormiria sossegado.", é uma afirmação atribuída a Otto Von Bismarck, o Chanceler de Ferro, em 1888. Faz sentido questionar a veracidade da afirmação de Bismarck?
A notícia é instigante demais, mas ao lembrar a afirmação de Bismarck simplesmente perdi inteiramente a vontade de prosseguir opinando sobre o que seja ou não seja essa coisa denominada Justiça.

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