"Bob Dylan foi chamado de 'mal-educado e arrogante' pelo escritor Per Wastberg, membro da Academia Sueca. Segundo o jornal 'The Guardian', a crítica acontece por conta do silêncio do cantor após ter sido escolhido para receber o prêmio neste ano. 'É uma situação sem precedente', diz Wastberg."
Esta é a íntegra de uma notícia publicada na
edição de 24 de outubro de 2016 do jornal Folha de S.Paulo.
É realmente muito estranha essa tal de espécie
inteligente do universo! Uma determinada instituição concede a alguém um prêmio
e ao fazê-lo acha-se no direito de exigir do escolhido o agradecimento pela
concessão. E se ele não age conforme o esperado, um membro da Academia vem a
público chamá-lo de "mal-educado e arrogante", acrescentando que "É
uma situação sem precedente". Será?
Será que o referido membro da Academia não
conhece as histórias do Prêmio Nobel da Literatura de 1964 e do Prêmio Nobel da
Paz de 1973? Será que ele não sabe que ambos foram rejeitados por seus
escolhidos para recebê-los? Jean-Paul Sartre, o da Literatura; Lê Đức Thọ, o da
Paz.
Em relação a Sartre, digo o seguinte. Segundo
informações obtidas na Wikipédia, "O caso se tornou um escândalo, que
poderia ter sido evitado pela Academia Sueca, visto que Sartre teria descoberto
antecipadamente que seu nome estava entre os indicados, e por isso enviou uma
carta a Academia avisando que recusaria o prêmio caso fosse o escolhido para
recebê-lo. A carta, no entanto, só chegou às mãos dos Acadêmicos responsáveis
pela escolha do vencedor do prêmio, após ela ter sido feita."
Em relação a Bob Dylan, digo que o referido
membro da Academia não deve conhecer o seguinte episódio publicado na edição de
23 de outubro de 2016 do jornal O Estado
de S. Paulo.
"Artistas fazem tudo para tirar uma foto comigo, mas ele não. Ele apertou minha mão e saiu. Mas é o máximo que você espera de Bob Dylan, certo?"(Barack Obama, presidente dos EUA, sobre o dia em que encontrou o cantor, depois de um show.)
No meu entender, se estivesse no lugar do referido
membro da Academia, Barack não escolheria Dylan para ser agraciado com o Prêmio
Nobel. Vocês concordam?
Outra coisa que
parece-me ser desconhecida pelo referido membro da Academia é uma conhecida
afirmação de outro famoso Bob, com a qual, no meu entender, Dylan concorda. "Não
tocamos para agradar os críticos. Tocamos o que queremos, quando queremos e o
quanto quisermos. E temos motivos para tocar.", disse Bob Marley.
Bob Marley tem muitas frases interessantes e uma delas que, inclusive
ilustra os meus blogs, parece-me cair muito bem nesta postagem: "Vocês riem de mim por eu ser diferente; eu
rio de vocês por serem todos iguais."
Dito isto, para
terminar esta postagem, deixo-lhes uma indagação. Uma indagação seguida por
duas opções para respondê-la. Onde é que fica evidenciada a arrogância? No comportamento
diferente do escolhido pela Academia ou na pretensão do referido membro da
Academia de que todos os escolhidos têm que agir de forma igual e sair correndo
para agradecer por algo que, para o escolhido, pode não ter a mesma importância
que lhe é dada pela Academia que o escolheu? O que vocês acham?
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