terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Ex-funcionários do Facebook e Google se unem contra vício em tecnologia

Diversos profissionais de tecnologia do Vale do Silício que estiveram entre os primeiros empregados do Facebook e do Google, alarmados com os efeitos perversos das redes sociais e dos smartphones, estão se unindo para desafiar as empresas que ajudaram a construir.
Esses especialistas formaram uma organização chamada Centro para Uma Tecnologia Humana. Em parceria com a Common Sense Media, organização sem fins lucrativos que fiscaliza a mídia, o grupo planeja um esforço de lobby contra o vício em tecnologia e uma campanha de propaganda nas 55 mil escolas públicas dos EUA.
A campanha, intitulada "A Verdade Sobre a Tecnologia", terá verba de US$ 7 milhões, vinda da Common Sense e de capital arrecadado pelo Centro para Uma Tecnologia Humana, e terá por objetivo educar estudantes, pais e professores quanto aos perigos da tecnologia, entre os quais a depressão que pode ser causada pelo uso de mídia social.
"Nós estivemos do lado de dentro", disse Tristan Harris, ex-encarregado de questões éticas do Google e presidente da nova organização. "Sabemos o que essas empresas medem. Sabemos como elas falam, e sabemos como a engenharia funciona."
Esta é a íntegra de uma notícia publicada na edição de 06 de fevereiro de 2018 do jornal Folha de S.Paulo com a indicação de ter sido publicada no "New York Times" e com tradução atribuída a Paulo Migliaccio.
"Alarmados com os efeitos perversos das redes sociais e dos smartphones", diversos profissionais de tecnologia do Vale do Silício estão se unindo para desafiar as empresas que ajudaram a construir. Quando os próprios criadores alarmam-se com os efeitos perversos das coisas impróprias por eles criadas creio que a coisa esteja realmente feia!
"Nós estivemos do lado de dentro", disse Tristan Harris, ex-encarregado de questões éticas do Google e presidente da nova organização. "Sabemos o que essas empresas medem. Sabemos como elas falam, e sabemos como a engenharia funciona."
Sabedor de tais coisas, e "alarmado com os efeitos perversos daquilo que ajudou a criar", o que faz Tristan Harris? Para responder esta indagação, segue um trecho do artigo intitulado A Boceta de Pandora publicado na edição de 27 de outubro de 2017 do jornal Folha de S.Paulo na coluna assinada por Fernanda Torres.
"Tristan Harris, ex-empregado do Google, dedica-se ao estudo da manipulação mental da nova indústria. É um dos que, cientes do estrago, reflete sobre a possibilidade de, com a mesma ciência que criou o monstro, redefinir uma ética que influencie outros padrões na comunidade."
"Manipulação mental da nova indústria"! Sinistro, não? "Refletir sobre a possibilidade de, com a mesma ciência (a manipulação mental?) que criou o monstro, redefinir uma ética que influencie outros padrões na comunidade", eis algo temível para quem acredite na seguinte afirmação de Albert Einstein: "O mundo que criamos, como resultado de nosso pensamento, tem agora problemas que não podem ser resolvidos se pensarmos da mesma forma que quando os criamos". E ao falar em "ciência que criou o monstro", creio que seja válido reproduzir aqui algo que li no artigo de Fernanda Torres citado no segundo parágrafo acima.
"Justin Rosenstein, o criador do like do Facebook, e seus pares, e são muitos na reportagem (publicada no "Guardian"), explicam que todos os dispositivos psicológicos de adição foram usados para manter o internauta ligado ao smartphone."
"Dispositivos psicológicos de adição para manter o internauta ligado ao smartphone."! Que coisa sinistra, hein!
Citando mais um profissional de tecnologia do Vale do Silício "alarmado com os efeitos perversos das redes sociais e dos smartphones", segue um parágrafo extraído de uma notícia publicada na edição de 13 de dezembro de 2017 do jornal Folha de S.Paulo na coluna Toda Mídia assinada por Nelson de Sá, sob o título Cresce a reação viral às gigantes de tecnologia.
"O hoje investidor Chamath Palihapitiya, que foi vice-presidente para crescimento de usuários do Facebook, declarou publicamente na Universidade Stanford, no Vale do Silício, a 'tremenda culpa' que sente pela empresa que ajudou a construir. Recomendando aos estudantes uma 'forte ruptura' com mídia social, ele afirmou, como o site 'The Verge' noticiou, dando início à viralização do vídeo: 'Eu acho que nós criamos ferramentas que estão rasgando o tecido social, a maneira como a sociedade funciona'."
Uma organização chamada Centro para Uma Tecnologia Humana formada por renomados (e alarmados) profissionais de tecnologia promovendo uma campanha intitulada A Verdade Sobre a Tecnologia. Será que essa turma conseguiu, finalmente, enxergar a verdade expressa em uma afirmação feita pelo renomado físico brasileiro Marcelo Gleiser em entrevista publicada há quase dezessete anos (em 29 de julho de 2001) no caderno mais! (suplemento dominical do jornal Folha de S.Paulo) e reproduzida no próximo parágrafo?
"O cientista tem o dever moral de alertar a população não só para o lado luz, 'a ciência vai resolver os males do mundo', mas também mostrar o lado de que ela provoca vários desses males."
E para encerrar uma postagem cujo título fala em vício, segue uma frase publicada na edição de 03 de dezembro de 2017 do jornal Folha de S.Paulo, no espaço intitulado 'FRASES O Que Eles disseram. "Evito as redes sociais pela mesma razão que evito as drogas, sinto que podem me fazer mal." (Jaron Lanier, Inventor da realidade virtual).

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