quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Vivo amplia comunicação sobre 'desconexão'

Nova campanha da marca, que estreia nesta semana, reforça que às vezes é melhor desligar o celular
A operadora Vivo vai colocar no ar, a partir desta semana, uma série de filmes que prega justamente o contrário do que se espera de uma empresa que vende conexão por voz e dados. Os seis comerciais que serão exibidos na televisão vão propor que, às vezes, o melhor a fazer é colocar o celular de lado. "Já faz tempo que a nossa comunicação deixou de falar de tecnologia para falar de pessoas", diz Christian Gebara, vice-presidente executivo da Vivo. "É um ambiente em que atua a Apple e que também é natural para a Vivo."
Os dois primeiros filmes, criados pela agência Africa, que estreiam nesta semana, tanto na televisão quanto em meios digitais, enfocam situações pelas quais muita gente já passou. O primeiro mostra um casal namorando quando o momento íntimo é interrompido por uma mensagem. O segundo retrata uma mãe que acalenta o sono da filha e é distraída por uma ligação. Nos dois casos, as pessoas optam por viver o momento e deixar o telefone de lado.
Até dezembro, serão mais quatro filmes com exibição na televisão – que retratarão a presença nociva do celular em jantares entre amigos, em concertos musicais, em apresentações escolares e em encontros românticos. Para compor esse microcosmo de realidade, Gebara explica que a empresa se preocupou em mostrar diversidade de gênero, raças, idades e orientações sexuais.
Uma série de outras situações será narrada em conteúdos que serão gerados nos canais digitais da Vivo. A trilha, em alguns casos, usará uma versão da canção Spending My Time, do grupo sueco Roxette, sucesso nos anos 1990.
O executivo da Vivo diz que a marca flerta com a ideia de desconexão desde 2016, quando lançou o posicionamento Viva Tudo. Agora, porém, o debate vai para o centro da comunicação da operadora, incluindo a direcionada ao público interno. "O conceito estará presente em espaços para funcionários na empresa, como cafés, para incentivar a conexão real", diz Gebara.
Esta é a íntegra de uma notícia publicada na edição de 29 de outubro de 2018 do jornal O Estado de S. Paulo.
"A operadora Vivo vai colocar no ar, a partir desta semana, uma série de filmes que prega justamente o contrário do que se espera de uma empresa que vende conexão por voz e dados. Os seis comerciais que serão exibidos na televisão vão propor que, às vezes, o melhor a fazer é colocar o celular de lado.", diz a notícia publicada na edição de 29 de outubro de 2018 do jornal O Estado de S. Paulo.
"O executivo da Vivo (Christian Gebara) diz que a marca flerta com a ideia de desconexão desde 2016, quando lançou o posicionamento Viva Tudo.", diz a notícia.
O comportamento da Vivo é tão surreal que até o seu executivo parece-me ter confundido as datas, digo eu, considerando o que é dito no próximo parágrafo.
"A Vivo decidiu agora ir na contramão. Em campanha que vai ao ar nesta semana, a empresa pede uma reflexão sobre o uso excessivo do celular.", diz uma reportagem de Marina Gazzoni, publicada na edição de 13 de julho de 2015 do jornal O Estado de S. Paulo, sob o título Vivo pede uso do celular 'com moderação', e espalhada por este blog em 27 de agosto de 2015.
Ou seja, diferentemente do que diz o executivo Christian Gebara, "o flerte com a ideia de desconexão" é anterior a 2016.
"O que se espera é que a empresa fale bem do seu produto e ignore o lado sombrio da tecnologia.", diz Marco Versolato, vice-presidente de criação da agência DM9DDB, produtora da campanha veiculada em 2015.
"A tecnologia pode, sim, ser prejudicial ao consumidor se usada da forma incorreta", diz a diretora de Imagem e Comunicação da Vivo, Cris Duclos, na reportagem publicada em 27 de agosto de 2015.
Ou seja, três anos após o profissional da agência publicitária já conseguir enxergar a existência de "um lado sombrio na tecnologia" e a profissional da Vivo já conseguir enxergar que "a tecnologia pode ser prejudicial ao consumidor, se usada de forma incorreta", os prejudicados ainda teimam em não enxergar tais coisas. Ô raça estúpida! Será que a nova campanha da Vivo surtirá algum efeito?

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