Médicos que trabalharam na linha de frente no combate à pandemia pela Prevent Senior denunciaram uma rotina de abusos de uma das maiores operadoras de saúde do país. Em relatos à GloboNews, revelaram, entre outros fatos, que eram obrigados a trabalhar mesmo contaminados com o vírus e a prescrever remédios do "kit Covid". O veículo conversou com cinco médicos que trabalharam para a empresa. Três deles aceitaram gravar entrevistas, desde que não fossem identificados. E dois informaram que tiveram de trabalhar em plantões mesmo após serem diagnosticados com o vírus."Aconteceu algumas vezes, inclusive comigo. Eu estava com Covid-19, tive o diagnóstico, enviei mensagem ao meu coordenador, mandei o exame. Ele pediu que eu fosse para o plantão e que repetisse o exame lá. O exame foi feito lá, também, e confirmou que eu estava com Covid-19, mas ele pediu para eu continuar trabalhando mesmo assim. Eu não tinha escolha de ir para casa, e continuei trabalhando pelo menos uns cinco dias com Covid-19", disse um dos profissionais.Conversas de WhatsApp às quais a GloboNews teve acesso comprovam os relatos destes médicos e mostram a pressão feita por seus superiores, que também os obrigavam a receitar remédios presentes no "kit Covid" e que já foram inclusive descartados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no combate ao vírus.Além de hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina, a operadora ordenava que seus funcionários prescrevesse flutamida, indicada apenas para combate ao câncer de próstata. Trata-se de uma substância perigosa, inibidora de hormônios masculinos, que pode causar hepatite fulminante. O remédio era comercializado para o combate a acne até 2004, quando a Anvisa emitiu alerta para que ele não fosse utilizado para nenhuma outra finalidade depois da morte de quatro mulheres, justamente de hepatite. Desde então, consta na bula que a substância não deve ser utilizada por pessoas do sexo feminino."Eu deixei de prescrever um único dia e acabei sendo chamado pela diretoria com orientações bem claras de que deveria prescrever a medicação. E o que ficava implícito era que se não fizesse isso, estaria fora do hospital", contou uma médica.Diversas mensagens às quais o veículo teve acesso mostram superiores cobrando a prescrição dos remédios do kit. Uma delas, enviada em novembro por um diretor da empresa, pede que os funcionários voltem a "fortalecer a indicação de tratamento precoce"."Autonomia zero. Você não tem escolha de deixar de prescrever a medicação. Se não prescreve, vai ser demitido. Eu não prescreveria isso para meus pais, porque estou prescrevendo para outras pessoas?", questionou um médico.Segundo os denunciantes, não havia autonomia sequer para decidir quais pacientes seriam internados. "A gente precisa fazer o que nossos superiores ordenam a gente. Já presenciei caso, comigo mesma, de estar precisando internar um paciente, e um coordenador passou e falou assim: 'Esse paciente não é para internar, por que você está internando?'."Operadora já está sendo investigadaNo último dia 24, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) abriu investigação justamente para apurar a prescrição de medicamentos não-indicados para combate à Covid-19 pela Prevent Senior, após receber uma denúncia anônima com outra mensagem de um diretor da empresa recomendando o uso da flutamida."Bom plantão a todos. Enfatizo a importância da prescrição da flutamida 250mg de oito em oito horas para todos os pacientes que internarem", diz o texto.Resposta da Prevent SeniorEm nota à GloboNews, a Prevent Senior negou ter influenciado seus médicos a prescreverem qualquer medicamento e afirmou que "jamais os coagiu a trabalharem doentes"."A Prevent Senior jamais coagiu médicos a trabalhar doentes, o que foi atestado recentemente por vistorias de conselhos de classe. Todos os profissionais prestadores de serviço afastados, aliás, continuaram a receber salários. Sobre os tratamentos, a empresa dá aos médicos a prerrogativa de adotar os procedimentos que julgarem necessários, com toda a segurança e eficiência e sempre de acordo com os marcos legais, notadamente seguindo as diretrizes do Conselho Federal de Medicina. Entretanto, como a Prevent Senior não teve acesso aos supostos documentos obtidos pela Globonews, não pode esclarecer detalhadamente os questionamentos", diz o texto.
Esta é a íntegra de uma reportagem publicada em 12 de abril de
2021 no yahoo!notícias, no endereço https://br.noticias.yahoo.com/prevent-senior-medicos-dizem-que-foram-obrigados-a-trabalhar-contaminados-e-prescrever-kit-covid-131411946.html.
"Eu deixei de prescrever um único dia e acabei sendo chamado pela diretoria com orientações bem claras de que deveria prescrever a medicação. E o que ficava implícito era que se não fizesse isso, estaria fora do hospital", contou uma médica.
"Autonomia zero. Você não tem escolha de deixar de prescrever a medicação. Se não prescreve, vai ser demitido. Eu não prescreveria isso para meus pais, porque estou prescrevendo para outras pessoas?", questionou um médico.
"Segundo os denunciantes, não havia autonomia sequer para decidir quais pacientes seriam internados. "A gente precisa fazer o que nossos superiores ordenam a gente. Já presenciei caso, comigo mesma, de estar precisando internar um paciente, e um coordenador passou e falou assim: 'Esse paciente não é para internar, por que você está internando?'."
Segundo Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778), filósofo e escritor francês, "Uma sociedade só é democrática quando
ninguém for tão rico que possa comprar alguém e ninguém seja tão pobre que
tenha que se vender a alguém.".
Será que, olhando
para as denúncias dos médicos citadas na reportagem acima, à luz da afirmação
de Rousseau, faz sentido afirmar que, dois séculos e meio depois, nestes tempos
sombrios, para alguém ter que se vender a alguma rica operadora de saúde nem é
preciso ser tão pobre assim.
Será que, à luz da
afirmação de Rousseau, faz sentido afirmar que vivemos em uma sociedade
democrática? Será que a existência da permissão para escolher governantes (sic)
é suficiente para caracterizar uma democracia? Será que existe apenas um tipo
de ditadura? Vocês já ouviram falar em ditadura financeira? Será que o que é dito
na reportagem sugere a existência de uma ditadura financeira?
Será que é correto
chamar de operadora de saúde uma corporação que obriga seus médicos a
continuarem trabalhando, mesmo estando doentes, ou o correto é considerá-la uma
operadora financeira cujo lucro está diretamente associado à desgraças, como se
pode constatar a partir da declaração reproduzida a seguir?
"Os hospitais estão quase quebrando porque eles perderam no seu movimento normal as cirurgias eletivas, aquelas que não são emergenciais, os acidentes de trânsito caíram muito, também eram um motivo de faturamento dos hospitais e a covid não está ocupando na maioria do país os leitos. Então, nós estamos ainda quebrando todo o nosso sistema hospitalar financeiramente porque eles não podem fazer o seu trabalho normal e também não tem clientes covid em todo o país pra ocupar os leitos."
Quem é o autor da declaração? Ricardo Barros.
Quem é ele? Segundo a Wikipédia, é um engenheiro civil, empresário e político
brasileiro que foi ministro da saúde no governo Temer, está no sexto mandato
consecutivo como deputado federal e é líder do governo na Câmara. Onde pode ser
confirmada tal declaração? A partir do final do 18º minuto do episódio do
programa GREG
NEWS intitulado Desvio na Saúde (https://www.youtube.com/watch?v=B2XqF3aWobA&t=1s), exibido em 29 de maio de 2020.
Que mundo é esse em que se lamenta a queda na
quantidade de acidentes de trânsito porque eles são um motivo de faturamento
dos hospitais?! Operadoras de saúde ou operadoras financeiras, o que são afinal
essas corporações?
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