Palocci manda explicações ao procurador-geral, mas sem lista de clientes
“Na noite da votação do Código Florestal, na terça-feira, por orientação da presidente Dilma Rousseff, o ministro Antonio Palocci (Casa Civil) ligou para o vice-presidente da República, Michel Temer, e ameaçou demitir ministros do PMDB caso o partido votasse a favor da anistia a desmatadores, desobedecendo ao governo. Palocci disse que o primeiro a sair seria o ministro da Agricultura, aliado de Temer. ‘Você acha que eu vou brigar por um ministério de merda?!’, reagiu o vice, segundo relato de Jorge Bastos Moreno na coluna Nhenhenhém. Palocci acabou pedindo desculpas e, no dia seguinte, propôs uma conversa de Temer com Dilma, mas o vice se recusou a se encontrar com a presidente. O embate que afastou o vice da presidente quase implodiu a aliança do PT com seu principal parceiro e teve outras consequências imediatas: a união de todo o PMDB e a intervenção do ex-presidente Lula, que correu a Brasília para alertar aliados sobre o risco de uma crise institucional de resultados imprevisíveis. Ontem, Palocci mandou à Procuradoria Geral da República explicações sobre seu enriquecimento desde que deixou a Fazenda, em 2006, mas não enviou a lista de clientes de sua consultoria.
Esta é a manchete da edição de 28 de maio do jornal O GLOBO.
A crise afasta Dilma do vice-presidente, mas o que os teria aproximado? Uma antiga ideia muito apreciada por políticos brasileiros:
“Se não pode vencer seu inimigo, alie-se a ele".
Não consigo acreditar que algo decente possa surgir de alianças entre inimigos, pois estas são feitas apenas por conveniência, mas nunca com boas intenções. Afinal, o que é uma aliança? Geralmente, é um acordo feito entre algumas partes com a intenção de defender apenas seus próprios interesses em detrimento dos interesses do todo. E se alguma parte julgar que outra está tentando lhe passar a perna (em vez de passá-la apenas em quem ficou de fora da aliança) ela ameaça romper a aliança e uma crise está instalada. Na linguagem política, as partes recebem o nome de partidos e, neste país - mais partido do que arroz de segunda – eles são criados já pensando em alianças que farão com a intenção de se dar bem e “ferrar” o povão. Nossa! Estou começando a passar da prosa ao verso!
Não simpatizo com alianças, pois, geralmente, elas estabelecem condições para participar e, no meu entender, a participação, no que quer que seja, deve depender apenas de considerar justa a causa e não de condições estabelecidas.
Não entro no mérito da questão que gerou a crise, mas vejo no próprio nome de um dos envolvidos uma advertência quanto ao estabelecimento de alianças. Alianças trazem sempre algo a temer.
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