sexta-feira, 15 de julho de 2011

A vida sem PowerPoint


Um engenheiro de software fundou na Suíça um partido político prometendo reduzir o uso exagerado desse recurso que causaria perdas de 350 bilhões de euros por ano.
Abaixo o PowerPoint
Surge na Suíça partido político contra as apresentações ‘.ppt’
BONSTETTEN, Suíça. Aquelas apresentações chatíssimas em PowerPoint, com fotos batidas e frases de auto-ajuda, encheram tanto a paciência de pessoas mundo afora que resultaram na criação de um partido político. Com o objetivo de reduzir o uso exagerado do recurso, o Partido Anti-PowerPoint (APPP, na sigla em inglês) iniciou ontem suas atividades na Suíça chamando a atenção para uma estimativa assombrosa: o prejuízo global causado pelo abuso dos slides intermináveis é de 350 bilhões de euros por ano – quase três vezes o volume do pacote de socorro contra a crise financeira na Grécia.
O fundador do APPP, o engenheiro de software Matthias Poehm, que tem um livro sobre o assunto, diz que esse valor foi calculado com base nos salários dos 250 milhões de funcionários em todo o mundo que são obrigados a assistir às apresentações entediantes. Pohem argumenta que PowerPoints (ou arquivos feitos em qualquer outro programa similar, como Google Presentation, ou Impress, do LibreOffice) se mostram desnecessários em 95% dos casos.
Como solução, Pohem propõe um retrocesso tecnológico: a volta das apresentações em flip-chart, aquelas lousas de papel. Segundo Poehm, o recurso rende palestras mais criativas e entre três e cinco vezes mais eficazes.
‘Todo mundo reclama, mas ninguém faz nada! (...) PowerPoint é como uma doença contra a qual há remédios há muito tempo, mas que continuam sendo ignorados’, brada o manifesto publicado na página do movimento, que fica no endereço www.anti-powerpoint-party.com/en. O site tem algumas seções muito divertidas. Uma delas se chama ‘Horror slide of the month’ (slide horroroso do mês), em que são listadas telas complexas e quase ininteligíveis usadas nas apresentações.
O APPP que atingir mais de 33 mil membros, tornando-se o quarto maior partido político da Suíça. A filiação é, de acordo com o site, gratuita, não exige militância e garante o anonimato. O partido quer participar das eleições parlamentares do país em outubro e está aceitando doações.
Esta é a íntegra de uma notícia publicada na edição de 5 de julho de 2011 do jornal O Globo.

Mais um caso de uso exagerado de um recurso. Mais um problema causado pela diferença entre estágios evolutivos. Enquanto não for superada a distância que separa a evolução tecnológica da evolução mental persistirá o uso maléfico de recursos tecnológicos. É impressionante a facilidade com que estes seres, equivocadamente, autodenominados racionais deixam-se fascinar pela forma em detrimento do conteúdo.

É surpreendente ver um engenheiro de software propor um retrocesso tecnológico. É uma atitude extrema provocada pelo desespero diante da incapacidade de fazer com que as pessoas usem adequadamente algo que pode ser útil. Matthias Poehm jogou a toalha. É realmente muito difícil lutar por boas causas, mas essas são as lutas imprescindíveis. Não dá para retroceder tecnologicamente; a solução é avançar mentalmente. É indispensável concentrar esforços no desenvolvimento de uma nova mentalidade. Uma mentalidade que enxergue a tecnologia como meio e não como fim. Enquanto isto não acontecer o PowerPoint será usado para produzir apresentações ineficazes, cansativas e entediantes, pois deixar de fazer apresentações entediantes requer entender antes qual é a verdadeira função do PowerPoint, e da tecnologia, de maneira geral.

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