A Social Intelligence monitora redes sociais para checar o histórico de profissionais em busca de uma vaga
“Há muito tempo, as empresas vêm utilizando os registros de antecedentes criminais, informações sobre situação de crédito e pesquisas no Google e Linkedin para investigar o passado de candidatos a um emprego. Agora, algumas estão exigindo que os candidatos também tenham seus antecedentes checados no campo da mídia social.
A Social Intelligence, uma empresa recém-criada, realiza pesquisas na internet para saber tudo o que possíveis contratados possam ter dito ou feito nos últimos sete anos. Em seguida, ela monta um dossiê com exemplos da integridade profissional do candidato, trabalhos voluntários, juntamente com informações negativas que devem atender critérios específicos, como evidências online de observações racistas; referências a drogas: fotos, mensagens de texto ou vídeo de sexo explícito; exibição de armas ou bombas; e atividade violenta identificável.
‘Não somos detetives’, disse Max Drucker, diretor executivo da companhia, que tem sede em Santa Bárbara, Califórnia. ‘O que reunimos é o que está à disposição do público na internet’.
A Comissão Federal do Comércio nos Estados Unidos manifestou preocupação com as atividades da empresa e determinou que a companhia cumpra com as disposições do Fair Credit Reporting Act (lei que trata do serviço de proteção ao crédito), mas esse serviço ainda inquieta os defensores da privacidade, que alertam para o fato de que ele leva os patrões a examinar informações que podem não ser importantes no cumprimento das tarefas do empregado.
(...)Para Marc S.Rotenberg, presidente da Electronic Privacy Information Center, com sede em Washington, diante das complexas regras das condições de serviço da internet em muitos aplicativos e sites, as pessoas nem sempre percebem que os comentários ou conteúdo que geram ficam disponíveis para o público.
‘As pessoas são levadas a acreditar que a exposição é mais limitada do que realmente é’, disse ele, destacando que as mudanças frequentes que o Facebook realizou nas suas configurações relativas à privacidade podem ter colocado algumas pessoas em situação de risco no momento de procurar um emprego devido às informações pessoais que podem, inadvertidamente, ter se tornado públicas.
‘O que o Facebook estava fazendo era pegar as informações pessoais da pessoa colocadas à disposição da família e dos amigos e torná-las acessíveis a futuros empregadores’, disse Rotenberg, cuja organização apresentou várias queixas, ainda pendentes, à Comissão Federal do Comércio relativas às configurações de privacidade do Facebook.
Fontes de pesquisaMenos de um terço dos dados levantados pela Social Intelligence vem de sites sociais, como Facebook, Twitter e MySpace. Boa parte das informações resulta de pesquisas em blogs, grupos de usuários do Yahoo e até em sites de comércio eletrônico.”
Estes são alguns trechos de uma reportagem de Jennifer Preston (The New York Times), publicada na edição de 25 de julho de 2011 do jornal O Estado de S.Paulo. A tradução é de Terezinha Martino.
As pessoas são levadas a acreditar que a exposição é mais limitada do que realmente é. O que o Facebook estava fazendo era pegar as informações pessoais da pessoa colocadas à disposição da família e dos amigos e torná-las acessíveis a futuros empregadores. Essas são duas afirmações de Marc S.Rotenberg, presidente da Electronic Privacy Information Center.
É impressionante a facilidade com que as pessoas são levadas a acreditar em coisas que não deveriam.
Creio que a perda do emprego devido ao uso da web proporcione um novo significado para a expressão redes sociais. Um dos significados da palavra rede é o seguinte: qualquer dos dispositivos feitos de rede, utilizados para apanhar peixes, pássaros, insetos etc. E como é que as redes pegam suas presas? Oferecendo uma isca. É aqui que entra o social. Ele é a isca. Em minha opinião, no etc citado acima devem ser incluídos os “ingênuos” aficionados das redes sociais. Mordendo a isca da facilidade de interagir com todo mundo e da possibilidade obter uma legião de amigos (sic) eles colocam à disposição da família e dos amigos informações pessoais que ao ficarem acessíveis a futuros empregadores podem lhe custar o emprego. Ser apanhada em uma rede custa à presa a própria vida. Ser apanhado nas redes sociais pode custar ao incauto a sua vida profissional. Faz sentido o novo significado sugerido para redes sociais?
Que privacidade é coisa do passado não é nenhuma novidade, mas que a sua extinção contou com a nossa anuência talvez nem todos tenham percebido. A quem quiser uma explicação de como contribuímos para tal fato, sugiro que procure na internet o texto de Pedro Doria, publicado em 26 de abril de 2011, intitulado Escolhemos o fim da privacidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário