segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Americano escolhe cartão por juros e brasileiro, por prazo

Taxa média mensal é de 10,69% no Brasil e vai até 1,5% para americanos, mas brasileiros preferem prazo e parcelamento
“Brasileiros e americanos se comportam de forma distinta quanto ao uso do cartão de crédito. Um dos aspectos que marcam esta diferença diz respeito aos juros, que incomodam mais os consumidores dos Estados Unidos, mesmo com as elevadas taxas cobradas no Brasil.
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De acordo com Eduardo Ramalho, diretor de desenvolvimento de negócios da Acxiom Brasil, os americanos são atraídos por um plástico por conta dos benefícios que oferece, a anuidade cobrada, a conveniência e, também, pela taxa de juros. Isso acontece, segundo Ramalho, porque nos Estados Unidos o crédito se inicia (e portanto a incidência de juros) a partir da data da compra, enquanto no Brasil os usuários do cartão têm até 28 dias para efetuar o pagamento da fatura sem nenhuma cobrança.
‘Para os brasileiros, o principal atrativo de um cartão é a possibilidade de postergar e programar o pagamento de uma conta para uma data fixa mais apropriada, o que vem da memória de um longo período com inflação no Brasil, e a facilidade no parcelamento das despesas, resultando em aumento do poder de consumo’, explica.
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De acordo com o coordenador de estudos econômicos da Anefac, Miguel de Oliveira, os americanos se sentem mais incomodados com os juros no cartão porque as taxas de outras modalidades de crédito são ainda menores. ‘No Brasil, as pessoas se acostumaram a pagar a taxa alta para ter o dinheiro na hora. A baixa renda, por exemplo, só vê se a parcela cabe no bolso’, compara.”
Estes são alguns trechos de uma reportagem de Flávia Furlan, publicada da edição de 8 de setembro de 2011 do jornal Brasil Econômico.
Não consigo entender a afirmação de que a facilidade no parcelamento das despesas resulte em aumento do poder de consumo. Em minha opinião, aumento do poder de consumo significa poder consumir uma quantidade maior de produtos, e isto é completamente incompatível com o parcelamento das despesas. Afinal, parcelar despesas implica em pagar juros e, consequentemente, em dispor de menos dinheiro para comprar produtos.
O costume brasileiro de pagar a taxa alta para ter o dinheiro na hora, citado pelo coordenador de estudos econômicos da Anefac, faz com que, rapidamente, chegue a hora em que as pessoas deixem de ter dinheiro para comprar qualquer coisa, pois o que ganham passa a ser insuficiente para pagar os juros das dívidas contraídas.
O hábito de só ver se a parcela cabe no bolso (também citado pelo coordenador) é mais uma das práticas equivocadas dos brasileiros, pois ao fazer tal verificação não é levado em conta que o bolso já contém outras parcelas. O resultado é que não demora muito para que o bolso não suporte mais nenhuma parcela.
Para os brasileiros, o principal atrativo de um cartão é a possibilidade de postergar o pagamento de uma conta para uma data mais apropriada, afirma o diretor de desenvolvimento de negócios da Acxiom Brasil. O problema é que o hábito de postergar pagamentos de contas para uma data mais apropriada resulta no pagamento de juros menos apropriados às condições financeiras de quem os posterga. Falar em data mais apropriada, me leva a opinar que ela deve ser definida em relação à ocasião da compra e não a do pagamento. E a data mais apropriada para a compra deve ser definida em função da real necessidade do que se “deseje” comprar e / ou da disponibilidade financeira. Habituar-se a postergar pagamentos de contas é acostumar-se a antecipar dificuldades financeiras.
Deixo de lado a possibilidade de postergar o término desta postagem, pois considero que este seja o momento mais apropriado para terminá-la. Discordo de muitas das escolhas feitas pelos americanos, mas quanto ao pagamento de juros no cartão de crédito, eu juro que concordo com eles.

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