Alternativa para suprir lacuna de gestores nas empresas é acelerar carreira de profissional sem experiência“O Brasil sofre hoje um ‘apagão de líderes’, afirmam nove dos dez especialistas consultados pela Folha. Uma das principais razões é a economia aquecida. As empresas crescem e têm necessidade de mais gestores qualificados, afirma Gilberto Guimarães, coordenador de liderança da HSM Educação.Mas muitas corporações não se prepararam para esse cenário e deixaram de formar líderes internamente. Boa parte dos profissionais também não se ateve à capacitação em gestão – focou mais a parte técnica. Para preencher essa lacuna, uma das soluções das empresas é acelerar a carreira de trabalhadores, promovendo-os a cargos de chefia. (...) O problema de promovê-los é que, sem competências em gestão, esses profissionais duram pouco, e outros, com ainda menos experiência, são alçados a postos de liderança, dizem consultores.(...)Com a escassez de empregados aptos a ocupar postos de gestão, as empresas miram os mais experientes. A explicação, afirmam consultores, é que organizações perceberam que acelerar processos de crescimento de carreira nem sempre dá certo. ‘Vemos jovens assumindo altos cargos porque eram bons técnicos, mas ser gestor exige mais do que isso’, frisa Marisabel Ribeiro, líder da área de talentos da Mercer.O mercado contrata ‘mais pessoas, mas esquecemos de prepará-las’, pondera Elaine Saad, gerente-geral da consultoria Right Management.”
Estes são alguns trechos de uma reportagem de Camila Mendonça, publicada na edição de 28 de agosto de 2011 do jornal Folha de São Paulo.
O Brasil sofre hoje um ‘apagão de líderes’, afirmam nove dos dez especialistas consultados pela Folha. E um excesso de “iluminação” no uso da palavra líder, afirmo eu. Líder é hoje uma palavra extremamente banalizada no mundo corporativo. É líder pra lá, líder pra cá, e, na verdade, é quase impossível encontrar um líder em alguma empresa. Falar do desejo de formar líderes em um mundo onde prevalece o imediatismo faz nenhum sentido, pois tal formação requer uma longa preparação. No prefácio do livro Mandar é Fácil...Difícil é Liderar, de Jorge Lessa, Carlos Salles, presidente da subsidiária da Xerox do Brasil, de 1989 a 1999, diz o seguinte:
“Foi no final do ano de 1985. Eu era Diretor Comercial da Xerox do Brasil e fui chamado por Gunnar Vikberg, então Diretor Superintendente, para ser cientificado de que, dentro do processo de planejamento sucessório da empresa, eu havia sido identificado como futuro ocupante do cargo que, com a sua aposentadoria, Gunnar deixaria vago em 1989.Ao me fazer a comunicação, Gunnar já deu partida ao meu processo de capacitação para assumir a principal posição executiva daquela que, em breve, se tornaria a terceira maior operação Xerox do mundo.”
Portanto, acelerar a carreira de trabalhadores, promovendo-os a cargos de chefia, jamais transformará alguém em líder. É também de Carlos Salles (no prefácio citado) a seguinte afirmação: Parece inacreditável, mas em plena soleira do terceiro milênio ainda existe muita confusão entre o real significado dos verbos “mandar” e “liderar”.
Vemos jovens assumindo altos cargos porque eram bons técnicos, mas ser gestor exige mais do que isso, frisa Marisabel Ribeiro, líder da área de talentos da Mercer. Ser gestor é completamente diferente disso, friso eu. Tornar-se gestor depende de estar disposto a deixar de lado o conhecimento técnico e investir no desenvolvimento da habilidade de relacionar-se com pessoas. É de Abraham Maslow a seguinte afirmação: Quando a única ferramenta que se tem é um martelo, então todo problema fica parecido com um prego. E é minha a paráfrase: Quando o único conhecimento que se tem é o técnico, então todo problema fica parecido com um problema técnico. Portanto, profissionais cujo conhecimento for apenas técnico jamais serão capazes de resolver os problemas mais comuns e mais prejudiciais em uma empresa: os conflitos oriundos da interação entre seus profissionais.
Há uma frase que li há muito tempo e com a qual concordo plenamente: Em uma empresa todos os problemas são humanos; e todos os humanos são problemas. John Rockefeller, fundador da primeira companhia petrolífera norte americana - a Standard Oil –, que chegou a ser o homem mais rico do mundo sabia disso. É dele a afirmação: Pela habilidade para lidar com pessoas pagarei mais caro do que por qualquer outra habilidade imaginável. E nós, como lidamos com isso? Creio que as palavras de Elaine Saad, gerente-geral da consultoria Right Management, respondem a esta pergunta. O mercado contrata ‘mais pessoas, mas esquecemos de prepará-las’.
Nossa! Mais um apagão! Agora um apagão de memória! Precisamos urgentemente encontrar um líder para o MSL: Movimento dos Sem Luz.
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