segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Para jovens, internet é tão importante quanto comer

É o que mostra pesquisa global
“A internet passou a ser tão necessária quanto água, comida e moradia, de acordo com pesquisa da empresa de tecnologia Cisco, realizada com jovens de até 30 anos em 14 países.
No Brasil, 3 em cada 5 estudantes e jovens profissionais fizeram essa afirmação. Entre um carro e a internet, eles também dão mais importância à rede. Além disso, 72% dos universitários brasileiros disseram que preferem navegar na internet a namorar, ouvir música e sair com os amigos.
Essa ênfase na internet se repetiu entre universitários de países como China (59%), Espanha (54%) e Índia (54%). Somente na França o namoro prevaleceu na dianteira das opções, com 54%.
No campo profissional, 75% da geração Y brasileira diz não viver sem a internet. ‘Para esse grupo, mais importante que o contato físico é estar conectado o tempo todo nas redes sociais’, afirma o presidente de Cisco, Rodrigo Abreu.”
Esta é a íntegra de uma reportagem de Felipe Vanini Bruning, publicada na edição de 21 de setembro de 2011 do jornal Folha de São Paulo.
Segundo a reportagem, 72% dos universitários brasileiros disseram que preferem navegar na internet a namorar, ouvir música e sair com os amigos. E 75% da geração Y brasileira diz preferir estar conectada o tempo todo nas redes sociais ao contato físico.
Conectar-se passou a ser visto como a possibilidade mágica de alcançar a felicidade. Hoje, ser feliz é estar conectado ao maior número possível de amigos. Mas o que significa amizade em uma rede de milhares de amigos? Amizade é mais um dos conceitos banalizados neste mundo abundante de relacionamentos e escasso de vínculos. Não, amizade não pode resultar apenas de uma simples “adição” em uma rede social. São de Sherry Turkle, psicóloga e professora do Massachusetts Institute of Techonology as seguintes palavras:
“Estar conectado dá a ilusão de termos companhia sem as demandas de uma amizade”.
John T. Cacioppo, psicólogo americano, diretor do Centro de Neurociência Cognitiva e Social da Universidade de Chicago (EUA) e co-autor do livro Solidão – A natureza humana e a necessidade de vínculo social, que reúne quase 20 anos de suas pesquisas sobre o tema, também diz algo interessante:
“Estar imerso na internet ou ser rodeado de parentes não muda o quadro ‘epidêmico’ (solidão, segundo ele, virou epidemia).
“Compensar solidão física com centenas de amigos no Facebook não resolve. ‘É como tentar matar a fome com aperitivo’. ‘A interação ali é eletrônica, a pessoa não é parte da vivência do amigo’.”
Para jovens, internet é tão importante quanto comer, é o titulo da reportagem que originou esta postagem. Compensar solidão física com centenas de amigos no Facebook é como tentar matar a fome com aperitivo, é a opinião de John T. Cacioppo. Será que os jovens não estão negligenciando a importância da alimentação correta e da verdadeira amizade?
Perguntado sobre o que acha da disseminação das redes sociais, Roberto Romano, um dos mais respeitados filósofos brasileiros, responde:
“Acho que é muito próprio de uma sociedade solitária. Nós somos uma sociedade urbanizada. Não temos mais os vínculos românticos da comunidade, da vizinhança. Então elegemos esses instrumentos como uma maneira de convívio. Você não sabe dizer bom-dia, dar um sorriso, mas sabe digitalizar, dizer coisas altamente íntimas que não teria coragem de dizer para o seu vizinho ou para o seu marido às vezes. É próprio de uma imensa solidão partilhada.”
Preferir navegar na internet a namorar, ouvir música e sair com os amigos, e achar que mais importante que o contato físico é estar conectado o tempo todo nas redes sociais, ou seja, preferir a interação com máquinas, em vez do contato com “pessoas físicas” não me parece o mais adequado a seres autodenominados humanos.
Diante do que diz a reportagem, apesar de não ser jovem, estou pensando em aprender francês e ir viver na França. E tem que ser um curso intensivo, pois 54% não é um percentual que chegue a tranquilizar.

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