sábado, 8 de outubro de 2011

Terceirizados trabalham mais e ganham menos

Empregados contratados indiretamente têm jornada semanal em média três horas superior à de contratados
“SÃO PAULO. Os empregados terceirizados trabalham mais, ganham menos e perdem o emprego mais rapidamente do que os contratados diretamente pelas empresas. É o que mostra a pesquisa ‘Terceirização e desenvolvimento – uma conta que não fecha’, divulgada ontem pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), que compilou dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho, e da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/Seade). Os empregados terceirizados trabalham, em média, três horas a mais por semana que os contratados diretos, sem considerar as horas extras. Sem essas horas a mais, diz o estudo, 801.383 vagas poderiam ter sido criadas no ano passado.
- Isso não é nenhuma novidade. Na teoria, já sabíamos disso, diz Messias Mello, secretário de Relações do Trabalho da CUT.
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Além de trabalhar mais, o levantamento constatou ainda que os salários dos terceirizados é menor: com base na remuneração de dezembro do ano passado, estes ganhavam em média R$ 1.329,40, cerca de 27,1% a menos que os contratados diretos, com salário médio de R$ 1.824,20, que realizavam a mesma função.
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Terceirização acelera rotatividade de mão de obra
A pesquisa diz também que a terceirização acelera a rotatividade da mão de obra no mercado de trabalho. Enquanto a permanência no trabalho direto é, em média, de 5,8 anos numa mesma empresa empregadora, no trabalho terceirizado é de 2,6 anos.
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Além disso, é comum empresas terceirizadas interromperem suas atividades, sem indenizar os funcionários. Mello disse que os calotes são constantes em empresas de vigilância e de asseio e conservação. Segundo ele, a empresa desaparece e os trabalhadores não recebem as verbas indenizatórias às quais têm direito com o fim do contrato.”
Estes são alguns trechos de uma reportagem de Wagner Gomes, publicada na edição de 4 de outubro de 2011 do jornal O Globo.
- Isso não é nenhuma novidade. Na teoria, já sabíamos disso, diz Messias Mello, secretário de Relações do Trabalho da CUT.
E também não é nenhuma novidade a tendência que os seres humanos têm de querer “ferrar” (para não usar um verbo mais contundente) aqueles que, de alguma forma, dependem deles para sobreviver. E entre as mais funestas consequências de tal tendência, eu entendo que esteja essa coisa denominada terceirização. Usada como pretexto para a redução de custos dos empregadores, ela reduz, principalmente, a remuneração e a dignidade dos empregados. Trabalhar mais; ganhar menos; ter maior probabilidade de ser demitido (basta desagradar os caprichos de algum chefe); deixar de receber as verbas indenizatórias quando desaparece a empresa que os escraviza, digo, emprega; não poder contestar nada, por mais absurdo que seja o que é mandado fazer são alguns dos malefícios de estar empregado na condição de terceirizado.
Em busca do lucro máximo os empresários não descansarão enquanto não tirarem do ser humano o mínimo de dignidade que ainda lhe resta. E a terceirização é a maneira “limpa” que encontraram para conseguir tal intento, por acharem que dessa forma não sujam as mãos com o que de ruim acontecer com os empregados, pois a culpa poderá sempre ser colocada nas empresas terceirizadoras. Um exemplo do que acabei de dizer é o recente caso da grife espanhola Zara. Acusada de exploração de trabalho em condições degradantes, a grife, cujo fundador é o sétimo homem mais rico do mundo, defendeu-se colocando a culpa nas empresas terceirizadoras.
Segundo a minha opinião interpretação, a terceirização é acima de tudo a melhor maneira encontrada pelos primeiros (em riqueza material e pobreza espiritual) para atribuir a terceiros a culpa pelas suas piores práticas. É esta a minha definição de terceirização. Qual é a de vocês?

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