quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Ninguém vai revistar a mala de quem paga R$ 3.500 por hora

Pilotos e órgão que administra voos regulares admitem falhas; Infraero diz que responsabilidade é de concessionários
“‘Ninguém vai revistar a mala de um passageiro que paga R$ 3.5000 por hora de voo. Sempre se pressupõe que seja uma pessoa honesta. Nem é uma responsabilidade da empresa fazer essa revista’, diz o piloto de uma empresa de táxi aéreo que opera no Campo de Marte, em São Paulo. Segundo outros pilotos, pegar uma aeronave ali é como tomar um táxi na rua.
A Infraero diz que a responsabilidade pelo acesso aos hangares do Campo de Marte é dos próprios concessionários. Fala que mantém vigilância 24 horas nas entradas do aeroporto e câmeras de segurança. Na prática, não há abordagem a quem pretende chegar aos hangares.
Já os seis principais aeroportos do interior com voos regulares administrados pelo Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp) não tem como impedir que uma pessoa embarque com uma mala carregada de dinheiro, armas ou drogas. Apesar de bagagens de mão passarem por fiscalização eletrônica e manual, falta aparelho de raios x para checar o conteúdo de malas transportadas no porão (compartimento de carga) em São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Marília, Presidente Prudente, Bauru e Araçatuba. Segundo técnicos de operação dos aeroportos ouvidos pela reportagem, é possível transportar cocaína de Campo Grande a São Paulo ou trazer produtos roubados de São Paulo para Araçatuba sem chamar a atenção.
Já o Daesp disse que vai instalar aparelhos de raios X para porão em aeroportos com voos regulares. Sobre o controle de bagagem, diz que a legislação determina que a companhia aérea tenha procedimentos para controlar o que é despachado.
Drogas
Se aeroportos com voos regulares não têm fiscalização, a situação é pior em aeroclubes menores. Usado pelo tráfico como ponto de abastecimento e desova de cocaína, o de Guararapes, a 560 quilômetros de São Paulo, não possui controle de pouso ou decolagem e foi palco nos últimos cinco anos de apreensões de mais de meia tonelada de cocaína trazida do exterior. Mesmo com as apreensões, não há no aeroporto nenhum posto de polícia ou vigilância. Além disso, os pousos e decolagens não são registrados.
Em Sorocaba, a situação é parecida. ‘Se um passageiro embarcar com drogas ou armas, nem ficamos sabendo. Não temos competência para fazer a revista ou examinar a bagagem’, disse o dono de uma empresa de fretamento e manutenção de aeronaves.”
Estes são alguns trechos de uma reportagem de W.C., M.G., José Maria Tomazela, Tatiana Favaro e Chico Siqueira, publicada na edição de 2 de dezembro de 2011 do jornal O Estado de S.Paulo.
Esta é mais uma reportagem cuja simples leitura do título despertou minha vontade de sobre ela opinar. E ao ler a segunda frase do primeiro parágrafo a vontade aumentou.
“‘Ninguém vai revistar a mala de um passageiro que paga R$ 3.5000 por hora de voo. Sempre se pressupõe que seja uma pessoa honesta.’”
Que sociedade é esta na qual tudo tem um preço e quase nada tem valor? Onde até uma pressuposição de honestidade pode ser comprada. Ou seja, basta ter dinheiro para ser pressupostamente honesto. É a autêntica sociedade dos absurdos! E já que foi aberta a porteira dos absurdos vejamos mais alguns que escaparam.
“Nem é uma responsabilidade da empresa fazer essa revista’, diz o piloto de uma empresa de táxi aéreo que opera no Campo de Marte, em São Paulo.”
A Infraero diz que a responsabilidade pelo acesso aos hangares do Campo de Marte é dos próprios concessionários.
Sobre o controle de bagagem, o Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp) diz que a legislação determina que a companhia aérea tenha procedimentos para controlar o que é despachado.
‘Se um passageiro embarcar com drogas ou armas, nem ficamos sabendo. Não temos competência para fazer a revista ou examinar a bagagem’, disse o dono de uma empresa de fretamento e manutenção de aeronaves.”
Diante do que li acima, tenho a nítida impressão de que a responsabilidade sobre o que é transportado é única e exclusivamente do passageiro. Será que eu entendi direito? Se entendi, o passageiro pode transportar o que bem entender, certo? Não, parece que não é bem assim. Para fazer isso ele precisa ser pressupostamente honesto. E para isso a condição é que o passageiro seja rico. Será que é por isso que nesta sociedade abre-se mão de todo e qualquer escrúpulo para tornar-se rico? Mas será que quem não tiver escrúpulos deve ser considerado honesto? Nossa! Que coisa confusa!. Honestamente, estou entendo nada. Será que além de não ser rico eu também sou burro? Será que algum de vocês consegue me explicar essa história de bastar ser rico para ser pressupostamente honesto? Por favor, socorram este blogueiro confuso!

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