De professor de natação em Manaus a promoter requisitado, a trajetória de Diógenes Queiroz, o mais novo queridinho das celebridades“Diógenes Queiroz é o novo promoter queridinho da cidade. O novo melhor-amigo-de-infância de atrizes, modelos, apresentadoras e, consequentemente, de empresários que querem conhecer essas atrizes, modelos e apresentadoras. Também frequenta a nova geração da alta sociedade, como Alexia Wenk, Carol Buffara e Heleninha Bordon. Diógenes tem o caderninho de telefone do momento.Houve mesmo quem lhe tivesse feito uma proposta indecente: circula comigo por aí, finge que é meu amigo, me apresenta a gente bacana que eu pago R$ 8 mil por mês para você.- Fiquei chocado quando um empresário me pediu isso - conta Diógenes, não revelando nem sob tortura o nome do cidadão. - Não aceitei, mas depois vi esse empresário circulando com outro promoter, que, com certeza, deve ter aceitado a proposta.Diógenes, 31 anos, é gente que faz. Nascido em Manaus em uma família simples, ele dava aulas de natação para bebês e velhinhos, chegando mesmo a ir para Miami dar aula de natação lá. (...) Há 12 anos, veio para o Rio estudar hotelaria. Seu primeiro emprego aqui foi como garçom do finado Garcia & Rodrigues. Ali virou supervisor, gerente, até que foi para o Juice&Co. Depois, mudou-se para São Paulo para cursar pós em turismo.
Bom, podemos dizer que São Paulo transformou sua vida. Lá, trabalhou no Clube Chocolate e no Fasano, mas isso não importa; foi em São Paulo que fez sua primeira amizade com uma celebridade: Adriane Galisteu. Morou na casa dela e tudo. A partir de Galisteu, conheceu Sabrina Sato, Preta Gil, Bruno Gagliasso... Nascia um relações-públicas."
Estes
são alguns trechos de uma reportagem de Carolina Isabel Novaes, publicada na edição de 14 de
abril de 2012 do jornal O Globo no caderno Ela.
A reportagem me faz lembrar Antoine de Saint-Exupéry (1900 - 1944), o autor de O Pequeno Príncipe. Segundo ele, "Os homens compram tudo pronto nas
lojas, mas como não há lojas de amigos, os homens não têm amigos.". O mundo mudou e a reportagem apresentada acima parece contestar Saint-Exupéry. Afinal, se amigo virou profissão, hoje a impossibilidade por ele citada deixa de existir, pois já é possível contratar um amigo. Ou melhor, um pseudo amigo conforme demonstra a proposta feita por um empresário ao protagonista da reportagem: "circula comigo por aí, finge que é meu amigo, me apresenta a gente bacana que eu pago R$ 8 mil por mês para você". Finge que é meu amigo! É disso que este mundo está repleto, de amigos fingidos.
Mas a
reportagem me traz outra lembrança. Seu protagonista é xará do filósofo
grego Diógenes de Sínope que viveu entre os séculos V e IV a.C. É famosa a
história de que ele perambulava pelas ruas carregando uma lanterna
acesa, em plena luz do dia, alegando estar procurando por homens honestos. Ele
procurava também por uma vida que fosse natural e não dependesse das
luxúrias da civilização. E Diógenes de Manaus, o que faz?
Perambula pelos salões carregando um caderninho de telefones, ou talvez
um tablet, em plena escuridão da noite, procurando por amigos fingidos. E
também por uma vida artificial e dependente das luxúrias da civilização.
E mais uma comparação pode ser feita entre os dois Diógenes. É no relacionamento com celebridades. Sobre Diógenes de Sínope é famosa sua história com Alexandre, o Grande, (uma autêntica celebridade) que, ao encontrá-lo, ter-lhe-ia perguntado o que poderia fazer por ele. Acontece que devido à posição em que se encontrava, Alexandre fazia-lhe sombra. Diógenes, então, olhando para Alexandre, disse: "Não me tires o que não me podes dar!". Ou seja, não me tires o Sol. Essa resposta impressionou vivamente Alexandre, que, na volta, ouvindo seus oficiais zombarem de Diógenes, disse: "Se eu não fosse Alexandre, queria ser Diógenes". E sobre Diógenes de Manaus, o que se pode dizer em termos de relacionamento com celebridades? No meu entender, este vive, exatamente, na sombra de celebridades artificialmente fabricadas.
Que
reportagem chocante! Seu protagonista ficou chocado com uma proposta
indecente que lhe foi feita por um empresário. Eu fiquei chocado com o
título da reportagem (Profissão: amigo) e com o fato de ela denominar "amigo" a profissão cuja função é promover
e agitar encontros envolvendo "celebridades". E creio que
Antoine de Saint-Exupéry e Diógenes de Sínope ficariam chocados
se vissem a reportagem. E vocês? Ficaram chocados com alguma coisa?
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