quarta-feira, 13 de junho de 2012

Imerso, fascinado ou evoluído: qual é o seu perfil?

Agência DM9DDB cria perfis para classificar os consumidores conforme sua relação com a tecnologia
“Como você lida com a tecnologia? Adora comprar as versões mais novas de smartphones e tablets ou apenas faz uso deles, sem idolatrá-los? Essa relação com equipamentos e meios eletrônicos, segundo Sérgio Valente, presidente da DM9DDB, interfere no consumo de produtos, marcas e até da própria propaganda tanto quanto outros fatores, como idade, sexo, classe social, nível educacional e localização geográfica.
'Não dá mais para fazer pesquisas e olhar para o consumidor só com base nesses dados', diz o publicitário.
Por meio de um estudo que incluiu consumidores de 8 a 60 anos, a agência chegou ao que chama de cinco 'perfis digigráficos', ou seja, cinco padrões básicos que resumem como as pessoas se relacionam com a tecnologia.
O primeiro ganhou o nome de imerso. 'É o sujeito que não nasceu em um mundo tecnológico, mas foi imerso nele. Sua personalidade, sua identidade foi definida pela relação com a tecnologia', explica Valente.
Há também os 'ferramentados': são os que recorrem à tecnologia para agilizar o dia, mas sem idolatrá-la. Eles não dependem dela - ao contrário dos fascinados. 'Esses são os antenados, querem parecer modernos e acreditam que seus aparelhos os rotulam', afirma o publicitário.
Os emparelhados, por sua vez, acreditam que os aparelhos e a tecnologia são uma espécie de extensão de seu corpo. Têm uma relação meio que profissional com a tecnologia. Os avanços tecnológicos os ajudam a pôr em prática seus projetos. Por fim, há os evoluídos: crianças e adolescentes que já nasceram em um universo de telas sensíveis ao toque. Não conhecem um mundo não digital.
Esta é a íntegra de uma reportagem de Lílian Cunha, publicada na edição de 4 de junho de 2012 do jornal O Estado de S.Paulo.
É o sujeito que não nasceu em um mundo tecnológico, mas foi imerso nele, diz o publicitário. Mas o que é um mundo tecnológico? No meu entender, segundo a reportagem, é um mundo assolado por equipamentos e meios eletrônicos. Ou seja, um mundo onde seres humanos preferem a proximidade com a tecnologia eletrônica, em vez da proximidade física com outros seres humanos.
É em relação a esse mundo que Sérgio Valente, presidente da DM9DDB, criou cinco perfis de consumidores de tecnologia, mas que, no meu entender, podem ser resumidos em apenas três, e eu explico. Imersos e fascinados me parecem uma única coisa. Imerso é o sujeito que não nasceu em um mundo tecnológico, mas foi imerso nele. Sua personalidade, sua identidade foi definida pela relação com a tecnologia, explica Valente. Fascinados são os antenados, querem parecer modernos e acreditam que seus aparelhos os rotulam. Os grifos são meus com a finalidade de mostrar a semelhança entre os dois.
Ferramentados e aparelhados, no meu entender, também são uma única coisa. Ferramentados são os que recorrem à tecnologia para agilizar o dia, mas sem idolatrá-la. Emparelhados são os que acreditam que os aparelhos e a tecnologia são uma espécie de extensão do corpo. Têm uma relação meio que profissional com a tecnologia. Os avanços tecnológicos os ajudam a pôr em prática seus projetos. Os grifos são meus com a mesma finalidade dos anteriores.
“Por fim, há os evoluídos: crianças e adolescentes que já nasceram em um universo de telas sensíveis ao toque. Não conhecem um mundo não digital."
Crianças e adolescentes que já nasceram em um universo de telas sensíveis ao toque, e insensíveis ao toque humano, pois interagem cada vez mais com máquinas e, consequentemente, cada vez menos com seres humanos. Crianças e adolescentes que, infelizmente, não conhecem um mundo não digital. São esses que o publicitário classifica como evoluídos. Mas em que eles são evoluídos? Para responder a esta pergunta, recorro a algo dito por Roberto Assagioli em seu livro O Ato da Vontade, publicado em 1973.
Se um homem de uma civilização anterior à nossa – um grego da Antiguidade, digamos, ou um romano – aparecesse de súbito entre os seres humanos do presente, suas primeiras impressões o levariam a considerá-los uma raça de mágicos, de semideuses. Mas fosse um Platão ou um Marco Aurélio e se recusasse a ficar deslumbrado ante as maravilhas materiais criadas pela tecnologia avançada e examinasse a condição humana com mais cuidado, suas primeiras impressões dariam lugar a uma grande consternação.”
Se um presidente de uma empresa de publicidade classifica as crianças e adolescentes que já nasceram em um universo digital ele os considera evoluídos. Mas se fosse um Platão ou Marco Aurélio e se recusasse a ficar deslumbrado ante as maravilhas materiais criadas pela tecnologia, suas primeiras impressões dariam lugar a uma grande consternação. Afinal, em termos de condição humana, em relação à época em que viveram é extremamente difícil perceber alguma evolução. No meu entender, o que Assagioli disse em 1973 permanece válido. Ou seja, é apenas do ponto de vista tecnológico que eles são evoluídos.

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