Octávio de Barros, economista do Bradesco, diz que classes C e D mudaram cesta de consumo, de duráveis para serviços"Economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, surpreendeu a plateia de 250 clientes Prime (de alta renda), anteontem no Rio, ao afirmar que o excesso de endividamento do brasileiro é um falso mito. 'Estão confundindo aperto de gastos e menor espaço para dívidas com sobreendividamento', declarou aos VIPs. Nas reuniões do banco, Barros tem apresentado uma série de indicadores que sugerem, em vez de descontrole nas dívidas, uma mudança na cesta de consumo das famílias brasileiras. Com a demanda por bens duráveis saciada, as classes C e D estão incorporando novos serviços à cesta de consumo. Trata-se de uma mudança de mix, com TV a cabo, internet banda larga, seguros, viagens, universidade, academias, consórcios e até restaurantes ocupando o lugar de eletroeletrônicos e automóveis. 'A renda disponível das famílias está disputadíssima, num ambiente de forte competição entre opções de consumo e poupanças', explicou à coluna. Para Barros, a inadimplência cresceu em fins de 2011 e início de 2012, mas já está diminuindo. O comprometimento com dívidas bancárias é baixo e os prazos dos financiamentos (exceto imobiliários) não passa de um ano.
16% do PIB é a dívida das famíliasA proporção tem se mantido no mesmo patamar há quatro anos, segundo o economista do Bradesco. A inadimplência seria efeito da bancarização veloz no país. Até 2009, o número de contas crescia 10% ao ano. Hoje, cresce 4%."
Esta é a íntegra de uma notícia publicada na edição de 1º de
agosto de 2012 do jornal O Globo, na coluna Negócios & Cia assinada por Flávia Oliveira.
Depois de ver tantas reportagens focalizando o endividamento dos brasileiros, encontrei uma notícia que o contesta. Em uma sociedade fundamentada, exclusivamente, na economia - o que leva os economistas a considerarem-se deuses - um deles vem a público e afirma que o superendividamento no Brasil é um "falso mito". Na condição de Zeus do Olimpo do Bradesco (afinal é o economista-chefe), ele surpreendeu
a plateia de 250 clientes Prime (de alta renda), anteontem no Rio, com tal afirmação. "Estão confundindo aperto de gastos e menor espaço para dívidas com sobreendividamento" declarou aos VIPs, a pretensa divindade.
"Com a demanda
por bens duráveis saciada, as classes C e D estão incorporando novos serviços à
cesta de consumo", é mais uma das afirmações do economista-chefe do
Bradesco. Mas a que bens deve ter se referido o destruidor de "falsos
mitos"? Sinceramente, tenho muita dificuldade para enxergar a saciedade da
demanda por bens duráveis em uma sociedade que deixou de ter tal tipo de bens,
pois nela tudo é descartável. Em uma sociedade onde as pessoas aceitam viver trocando
tudo o que já têm por versões mais modernas nada é feito para ser durável.
Jamais me incluí entre os que acreditam cegamente
em tudo o que se vê na mídia, pois muitas vezes (talvez na maioria) o que ela publica não
corresponde ao que se vê ao nosso redor, e quando tal acontece fico com o que
vejo. Mas, em relação ao assunto endividamento, as inúmeras reportagens que vi "batem"
com o que vejo, frequentemente, no dia a dia. Portanto, em relação à afirmação
que o superendividamento no Brasil é um "falso mito", minha opinião é
a seguinte: trata-se de uma declaração de um economista chamado Octávio que faz passar
por "Octário" quem se dispõe a acreditar mais em palavras de "falsos
deuses" do que em evidências que estejam ao seu redor.
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