segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

"Não se pode controlar tudo"

Em entrevista exclusiva, Robert Pattinson fala de como foi "crescer diante das câmeras"
"Quatro anos, cinco longas, US$ 2,5 bilhões de renda arrecadada só com ingressos vendidos em todo o mundo, o primeiro twitter de um filme a ter mais de um milhão de seguidores. E uma lição a tirar de um dos fenômenos da cultura pop dos últimos tempos: 'Aprendi que não podemos controlar tudo - muito menos da saga. Há mais de quatro anos, quando iniciamos a filmar, não achava que teria essa dimensão', contou Robert 'Edward' Pattinson ao Estado em Los Angeles há uma semana.
Pattinson parece ter aprendido que não pode controlar nem mesmo seus vícios. A cada pergunta, traga seu cigarro elétrico, passa as mãos nos cabelos e, então, responde: 'Dizem que esta versão elétrica faz menos mal. Espero', brinca.
Para quem há pouco enfrentou sozinho a mídia e aos paparazzi com a elegância e sangue frio de um veterano o incidente 'traição de Kristen Stewart', (com o diretor Rupert Sanders, em julho), o ator de 26 anos até parece ter controle de (quase) tudo. 'Estes meses têm sido um grande aprendizado', diz.
No último episódio da saga, que estréia mundialmente na quinta, Pattinson / Edward aprende também que não é possível controlar a própria mulher. Em Amanhecer – Parte 2, Bella é uma vampira e se descobre forte, com poder de criar um campo de força à sua volta, crucial para proteger a filha Renesmee (meio vampira, meio humana) e Edward na batalha final contra os Volturi. Sobre esses temas Pattinson deu a seguinte entrevista:
(...)
- Há algo que, sem pieguice, possa dizer que aprendeu?
- Aprendi muito com o desenvolvimento do Edward. Na vida, a gente não pode controlar tudo. E no filme ele aprende a deixar ser. Sua vida fica mais fácil. Essa a grande lição que tirei e apliquei nos últimos meses da minha vida, que não foram fáceis. Já pensei em processar um paparazzi que não saía da frente da minha casa. Mas desisti. Não se pode vencer sempre nem se apegar demais a planos de vida.
- Você disse que sua cena preferida da parte 1 de Amanhecer era do parto de Renesmee: você não pode fazer nada, só apoiar Bella
- Uma boa forma de aprender a não controlar tudo é filmar com criança. É preciso ir conforme a vontade do bebê. O mesmo vale para Ed. Quando ele só tinha Bella, queria ter certeza de que tudo estava bem. Quando o bebê nasce, entende que às vezes devemos agir por instinto e confiar. E isso é libertador."
Estes são alguns trechos da reportagem de Flavia Guerra, publicada na edição de 11 de novembro de 2012 do jornal O Estado de S. Paulo, na qual ela apresenta uma entrevista com o jovem e já consagrado ator Robert Pattinson. Da entrevista, selecionei apenas as duas questões fortemente ligadas ao título da reportagem.
Cinquenta e três dias após Todas as faces de Pattinson, o jovem ator Robert Pattinson retorna a este blog em mais uma reportagem / entrevista. A afirmação que dá título a reportagem – Não se pode controlar tudo – já é suficiente para despertar minha vontade de escrever sobre ela, mas as opiniões de Pattinson ajudam a fazê-lo.
Pattinson parece ter aprendido que não pode controlar nem mesmo seus vícios, diz a reportagem. No meu entender, vícios não são controláveis; vícios são controladores! Pessoas não têm vícios; vícios é que possuem pessoas. Vícios não podem ser controlados, e para eles a solução é "cirúrgica": precisam ser extirpados pela força de vontade do viciado. É difícil? Sim. É impossível? Não.
No último episódio da saga, que estréia mundialmente na quinta, Pattinson / Edward aprende também que não é possível controlar a própria mulher. Mais uma afirmação da reportagem. Esta aí uma coisa que muitos homens deveriam aprender. Principalmente os iludidos que imaginam que controlam a mulher. À exemplo do que ocorre com os vícios, vejo aqui mais um caso de inversão: quem pensa que controla é que é controlado. Lembram daquela frase me engana que eu gosto? Pois é!
"Aprendi muito com o desenvolvimento do Edward. Na vida, a gente não pode controlar tudo. E no filme ele aprende a deixar ser. Sua vida fica mais fácil. Essa a grande lição que tirei e apliquei nos últimos meses da minha vida, que não foram fáceis. Já pensei em processar um paparazzi que não saía da frente da minha casa. Mas desisti. Não se pode vencer sempre nem se apegar demais a planos de vida."
Sim, na vida, a gente não pode controlar tudo, embora a maioria passe a vida imaginando que pode, e, consequentemente, tornando sua vida mais difícil do que deveria ser. E no filme Edward aprende a deixar ser. Sua vida fica mais fácil. É com o insano desejo de controlar tudo – a partir do controle sobre os subordinados – que as pessoas almejam subir a escada hierárquica. E ao subi-la passam a infernizar a vida de seus subordinados, pois confundem controlar com subjugar através de intimidações. Mas as confusões não param por aí. Há também quem confunde controlar com subornar através de premiações. E neste caso, além dos superiores hierárquicos, não devemos deixar de destacar também a lamentável atuação dos pais. Com a intenção de controlar os filhos, eles os subornam com toda a espécie de coisas oferecidas pela viciante tecnologia a uma sociedade composta por uma assustadora quantidade de indivíduos confusos diante de tantas novidades tecnológicas, pois são desprovidos de capacidade de discernimento para usá-las de forma adequada na construção de um mundo melhor.
O título da reportagem é Não se pode controlar tudo, mas quem parar para refletir sobre o que seja controlar, dificilmente deixará de concluir que o título poderia ser Se pode controlar quase nada. E dito isto, para evitar a perda de controle sobre o tamanho desta postagem, termino defendendo sucintamente o título alternativo sugerido na frase anterior. Em vez de tentar controlar o que fazemos, e não o que fazem os outros (pois embora a maioria não perceba é mais fácil atuar sobre nós mesmos do que sobre os outros), equivocadamente tenta-se controlar a vida dos outros. A consequência dessa percepção equivocada é a catastrófica sociedade em que vivemos, e sobre a qual se exerce um controle cada vez menor. Então, em vez de controle usa-se a distração. É de Noam Chomsky, linguista, filósofo e ativista político americano, a seguinte afirmação: "Você não pode controlar seu povo pela força, mas pode distraí-lo por meio do consumo". Faz sentido? Ou já estamos tão distraídos que não conseguimos ver sentido em tal afirmação?

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