sexta-feira, 3 de maio de 2013

Entenda melhor o misterioso caso dos posts do Facebook

"Com um empurrão do 'New York Times', a semana passada foi cheia de polêmicas envolvendo o Facebook. O debate girou em torno de uma questão importante: quantos dos seus amigos de fato têm acesso ao que você posta na rede social? Essa é uma pergunta difícil de responder. Um estudo recente afirma que cada post é visualizado apenas por 30% dos seus amigos cadastrados (nyti.ms/WNUjqP).
Só que a situação fica ainda mais complicada. O Face introduziu recentemente a possibilidade do usuário patrocinar seus próprios posts. Funciona assim: você paga cerca de R$ 13 e em troca o site amplia o alcance da sua publicação específica. Só que há muita gente reclamando.
Ao que parece, o Facebook está diminuindo o alcance dos posts para então cobrar para que eles sejam mostrados para quem já deveria ter acesso a eles.
O colunista Nick Bilton, do 'New York Times', afirma que alcançava até 550 'likes' em suas publicações quando tinha 25 mil assinantes. Mesmo depois de ter chegado a 400 mil, ele mal ultrapassava 30 'likes' por post. Ao pagar os R$ 13, ele viu o número subir novamente para 130, mas nunca voltar ao patamar original.
Isso mostra um desdobramento interessante nos modelos de negócio da rede. O Facebook está apostando que as pessoas querem pagar para serem ouvidas. Faz sentido. O que não falta é gente falando e produzindo informação. A escassez é justamente de ouvidos e olhos para prestar atenção em tudo.
O Facebook está usando a carência universal por atenção para ganhar dinheiro. Na sua suposição, viramos todos publicitários de nós mesmos."
Esta é a íntegra da coluna INTERNETS de Ronaldo Lemos publicada na edição de 11 de março de 2013 do jornal Folha de S.Paulo.
"O Facebook está apostando que as pessoas querem pagar para serem ouvidas. Faz sentido. O que não falta é gente falando e produzindo informação. A escassez é justamente de ouvidos e olhos para prestar atenção em tudo."
Intrigante essa história de escassez justamente de ouvidos e de olhos para prestar atenção em tudo que se fala, não? Afinal, a natureza nos dotou de dois ouvidos, dois olhos e apenas uma boca, não é mesmo? Ou seja, estamos diante de um caso de uso inadequado, e não de escassez. Nossa escassez é outra: é de sabedoria. E é a falta de sabedoria que leva a tal da espécie inteligente do Universo a usar inadequadamente tudo o que é colocado ao seu dispor.
É esse o caso da tecnologia da informação. Diante da facilidade para produzir grandes quantidades de informações (diga-se de passagem, sem compromisso com a qualidade) a cada dia mais coisas são produzidas e, consequentemente, cada uma delas recebe menos atenção, pois algo cuja quantidade a tecnologia jamais conseguirá aumentar é a de horas de cada dia. Sinceramente, não vejo dificuldade alguma para entender que a quantidade de atenção recebida por cada coisa que se produz é inversamente proporcional a quantidade de coisas produzidas. É por entender isso que as minhas postagens apresentam um intervalo razoável entre elas. O uso inadequado da tecnologia da informação leva as pessoas a produzirem coisas demais.
"O Facebook está usando a carência universal por atenção para ganhar dinheiro."
Que coisa! Cheios de "amigos" nas redes sociais e repletos de carência por atenção! Vivemos, realmente, em um mundo a cada dia mais paradoxal. É muito séria a questão da carência por atenção e aos que quiserem ler mais sobre ela sugiro a postagem intitulada ECA – Espécie Carecendo de Atenção, publicada no meu outro blog em 17 de outubro de 2011.
Interessante! Ronaldo Lemos escreve com a intenção de possibilitar o entendimento do misterioso caso dos posts do Facebook e propicia uma oportunidade de lançar luz sobre temas como pseudo-escassez, uso inadequado do que é colocado ao nosso dispor e carência universal por atenção. Ou seja, sabendo encontrar os "links" é possível passar de um assunto a outro e dessa forma verificar que na vida tudo está ligado, por mais misterioso que pareça.

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