"Para Alberto Calvo (1928-2013), não havia madrugada, final de semana, Natal ou qualquer outro feriado. Fosse a hora que fosse, se alguém batesse em sua porta pedindo um atendimento de urgência, ele sempre estava disponível.De família humilde, formou-se em medicina quando já estava casado. Lembrando de suas origens, nunca deixou de atender aos pobres em seu consultório, que manteve por mais de 50 anos na Casa Verde, zona norte de São Paulo. Neurologista, psiquiatra e clínico geral, foi idealizador da rede ambulatorial de psiquiatria mental em São Paulo.Também era muito conhecido pela sua atuação no espiritismo. Dava palestras e por quase dez anos apresentou o programa "Em Busca da Verdade", em uma rádio de Guarulhos (Grande São Paulo). Dizia que as pessoas não devem ter medo de nada na vida, "pois Deus nos protege". E foi tirando um brevê de piloto que ele enfrentou o seu maior temor: o de altura.Atuou ainda na política, ocupando os cargos de vereador e deputado estadual por dois mandatos, além de subprefeito da Casa Verde. Foi homenageado por diversas instituições por seus trabalhos sociais. Uma das lembranças de que mais gostava era o diploma de "Bom Samaritano", dado pela maçonaria.Calmo e didático, tinha prazer em ensinar a outras pessoas assuntos que dominava. Natural de Santos, no litoral paulista, morreu no dia 9, aos 85, após sofrer um infarto. Deixa a viúva, Irma, com quem foi casado por 66 anos, os quatro filhos, que trabalham na área de saúde, 15 netos e cinco bisnetos."
Esta é a íntegra de uma reportagem de Andressa Taffarel, publicada na edição de 19 de
novembro de 2013 do jornal Folha de S.Paulo.
Após encerrar as postagens de 2013 com uma
notícia sobre a desencarnação de um médico que nunca cobrou por uma consulta, este blog apresenta, como segunda
postagem deste ano, uma notícia sobre a desencarnação de alguém que era médico 24 horas por dia. Ou seja, em
um curto espaço de tempo, duas postagens falando sobre médicos integrantes do
lado luminoso da força nesta dimensão em que vivemos; falando de seres que, ao
contrário da maioria, interpretaram corretamente aquele antigo e mal entendido
ditado que diz: o que se leva desta vida
é a vida que se leva.
Ao interpretar a vida que se leva como sendo o conjunto das ações – boas e más –
praticadas durante a nossa passagem por esta dimensão, Alberto Calvo, sendo
médico, levou sua vida procurando estar sempre disponível para atender alguém
que batesse em sua porta pedindo um atendimento de urgência, fosse a hora que
fosse. Que belo exemplo! Exemplo que, segundo a reportagem, foi reconhecido
por diversas instituições, mas que, no meu entender, o foi mais ainda por todos
aqueles a quem ele atendeu durante sua profícua vida.
E nós? Como estamos interpretando o antigo
ditado? Que espécie de vida estamos levando? Com que tipo de ações (boas ou más)
estamos preenchendo as horas de nossos dias? Afinal, conforme é dito na trilogia O Senhor dos Anéis, "A única coisa a fazer é decidir como
usar o tempo que nos foi dado".
Nenhum comentário:
Postar um comentário