segunda-feira, 31 de março de 2014

Trabalhar demais é tão perigoso quanto fumar (final)

Conforme prometido na postagem anterior (na qual foi publicado o lendo), segue o opinando referente a Trabalhar demais é tão perigoso quanto fumar (I).
Após uma postagem apresentando uma reportagem intitulada Pesquisa: 69% dos trabalhadores não pretendem tirar férias integrais, publicada em 23 de fevereiro de 2014, no jornal O Globo, este blog apresentou uma reportagem intitulada Trabalhar demais é tão perigoso quanto fumar, publicada na edição de fevereiro de 2014 da revista Você s/a.
Duas reportagens publicadas em um mesmo mês, focalizando duas ideias simplesmente opostas. Na primeira, sobre a qual já opinei, em uma reportagem que não foi assinada, é dito que cada vez mais os profissionais abrem mão de suas férias e dispõem-se a trabalhar mais. Na segunda, sobre a qual opino agora, em uma reportagem de Elisa Tozzi, contendo uma entrevista com o neurocientista Andrew Smart, este defende a ideia de que se deve trabalhar menos.
"Concordo com alguns pensadores, como Keynes (John Maynard Keynes, economista britânico), que dizem que deveríamos reduzir a jornada de trabalho para 4 horas."
E dizendo isso ele me fez descobrir algo interessante. Há muitos anos comento que deveríamos trabalhar apenas durante meio expediente ou no máximo por 6 horas por dia, mas só agora soube que tenho a mesma opinião que o famoso economista britânico. E Andrew Smart prossegue dizendo o seguinte:
"Mesmo trabalhando mais de 8 horas, só há, em média, 4 horas reais de produtividade. Isso é plausível, tendo em vista o modo como o cérebro funciona: existem ciclos naturais de atenção e desatenção."
E raciocinando a partir das duas declarações de Andrew Smart e do fato de Keynes e eu termos opiniões semelhantes, chego à seguinte conclusão: observar atentamente o que acontece ao nosso redor possibilita-nos chegar a algumas descobertas e conclusões semelhantes as que lemos em alguns livros de pessoas que se tornaram famosas.
Perceber que embora trabalhando mais de 8 horas, só há, em média, 4 horas reais de produtividade, não é algo difícil para profissionais atentos ao que acontece ao seu redor. Perceber que cansadas (devido a trabalharem durante uma grande quantidade de horas seguidas) as pessoas tendem a cometer erros que resultam naquela praga chamada retrabalho, é mais uma coisa que não é difícil para profissionais atentos ao que acontece à sua volta. Juntar essas duas percepções e concluir que trabalhar menos, e melhor, implica em maior produtividade é algo que também não difícil para o tipo de profissional citado neste parágrafo.
Considero perfeita a explicação de que o ócio é renegado para impedir que as pessoas questionem, pois pessoas permanentemente ocupadas com as tarefas que lhe são atribuídas ficam sem qualquer tempo disponível para qualquer outra coisa que não seja ocupar-se com as tarefas. Sobre a impressão de que as pessoas não querem ser ociosas porque têm medo de conhecer a si mesmas, concordo plenamente.
A entrevista é encerrada com a pergunta se "é possível transformar a sociedade da pressa na sociedade do ócio". Pergunta que é respondida pelo neurocientista dizendo que "é um longo caminho, mas que a ciência vai ajudar a lutar contra a cultura da pressa". E aí, eu lembro o que é dito no subtítulo da reportagem: "Um neurocientista comprova, com base numa pesquisa, o que a filosofia já sabia: o ócio estimula o cérebro a ser mais criativo e inovador."
Será que não está aí uma das causas da lenta evolução comportamental da humanidade? Ao dar crédito apenas ao que é comprovado pela ciência a humanidade demora a colocar em prática coisas que a filosofia já sabia bem antes da ciência.

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