quarta-feira, 9 de abril de 2014

Inspirada em startup de Cingapura, empresa promete entrega em 1 hora

Serviço funciona 24 horas por dia e busca aporte de investidor para fazer o negócio avançar para além de Campinas (SP)
Comprar produtos pelo smartphone e recebê-los em casa em menos de 60 minutos, e a qualquer hora do dia, é a aposta de uma loja virtual localizada em Campinas (SP). Lançada há pouco menos de um ano, o negócio fatura de R$ 50 mil a R$ 60 mil por mês e planeja dobrar esse montante até janeiro do ano que vem.
A Convenié, como foi batizada a empresa, iniciou sua atividade em abril de 2013 quando três colegas, mais três "investidores anjo", aplicaram R$ 450 mil na ideia. Inspirada no RedMart, de Cingapura, um empório virtual que, recentemente, recebeu o aporte de US$ 5,4 milhões (cerca de R$ 12,68 milhões), incluindo o dinheiro do brasileiro e cofundador do Facebook, Eduardo Saverin.
Basicamente, a empresa funciona como uma loja de conveniência, 24 horas por dia, só que virtual. A entrega dos produtos é feita em menos de uma hora pela empresa, que cobra pelo serviço uma taxa de R$ 4 a R$ 6, dependendo da distância.
Importante ressaltar que a área de cobertura não é o ponto forte da Convenié. O atendimento e o centro de distribuição ficam no bairro do Taquaral e a abrangência do serviço atende, nesse primeiro momento, um raio de 13 quilômetros, com um público estimado de 400 mil compradores. Mas a proposta da startup, explica o sócio Felipe Pontes, é ampliar essa operação o quanto antes. Para tanto, a ideia é contar com mais quatro unidades: outra em Campinas e mais três em cidades vizinhas, como Vinhedo.
(...) "Criamos um serviço de alta disponibilidade, como se fosse o armário do cliente. Já tivemos clientes que fizeram mais de 100 compras", destaca Fontes, que não descarta a abertura de franquias para ganhar escala.
Mix. Com um portfólio composto por 1,2 mil produtos, entre bebidas, produtos de higiene pessoal e alimentos, o desembolso médio na conveniência é de R$ 40. Cerca de 65% das vendas são realizadas no período noturno e um dos pontos de destaque do e-commerce são os pratos prontos, como yakissoba e pizza assada - que podem ser aquecidos na própria loja.
O preço, conta Fontes, é equivalente aos preços praticados dentro das conveniências de postos de gasolina, assim como os supermercados da região. Mas para Luciana Burger, professora de Marketing Digital da ESPM, os desafios da empresa passam por consolidar a operação e, para isso, os sócios precisam tornar o negócio bom para cidades maiores, como São Paulo, onde há mais dificuldade em termos de logística. "Eles estão vendendo tempo, e as pessoas buscam cada vez mais facilidades para comprar", diz. (...)
Estes são alguns trechos de uma reportagem de Rodrigo Rezende, publicada na edição de 25 de março de 2014 do jornal O Estado de S. Paulo.
"Eles estão vendendo tempo, e as pessoas buscam cada vez mais facilidades para comprar", diz Luciana Burger, professora de Marketing Digital da ESPM, no trecho final da reportagem.
Vender tempo! Que coisa estranha! Afinal, se alguém vende é porque há quem compre, não é mesmo? Mas por que uns vendem e outros compram algo que todos recebem por igual, e de graça? Sim, tempo é a única coisa que cada pessoa recebe gratuitamente enquanto vive nesta dimensão deste planeta (acredito que até quando for para outra) e (se for sã) deve decidir como usar. Pessoas sujeitas a graves problemas de saúde estão dispensadas do dever de decidir sobre qualquer coisa.
E o que faz a maioria com o tempo que recebe gratuitamente? Preenche-o cada vez mais com coisas que em nada contribuem para sua felicidade, e feito isso acaba cometendo mais um equívoco: tentar comprar tempo, em vez de rever a forma como usa aquele que lhe foi dado. "A única coisa a fazer é decidir como usar o tempo que nos foi dado", é uma inesquecível frase da trilogia O Senhor dos Anéis com a qual concordo plenamente.
E ao tentar comprar tempo para si, essas infelizes criaturas pertencentes à dita espécie inteligente do Universo podem até vir a serem culpadas pela estrago feito no tempo de permanência nesta dimensão daqueles responsáveis pela entrega do tempo que elas compraram, e eu explico.
Diante de um trânsito cada vez mais violento chega a ser um contra-senso querer receber encomendas em um tempo cada vez menor, pois a esse tempo cada vez menor está associada uma probabilidade cada vez maior de um acidente cujo resultado seja a morte ou a invalidez do profissional responsável (ou seria irresponsável) pela entrega do produto encomendado. Ao observar a maneira como tais entregadores "pilotam" suas "mortecicletas", eu entendo que cada pedido feito origina duas encomendas. A primeira é a do comprador; a segunda é a do entregador. O primeiro encomenda um produto ao fornecedor; o segundo, a cada entrega que faz, encomenda sua alma a Deus.
Será que nós precisamos, realmente, de entregas cada vez mais rápidas? Será que a nossa encomenda precisa chegar em 1 hora? Ou será que o que precisamos é que chegue uma hora em que consigamos entender que viver a vida em uma velocidade cada vez maior e vivê-la de uma maneira cada vez melhor são duas coisas diferentes.
Coincidentemente, a postagem mais recente do blog Espalhando ideias tem muito a ver com esta. O título dela? "Por que tanta pressa?".

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