domingo, 27 de julho de 2014

GM faz recall de mais 8,4 milhões de veículos e define plano de indenizações

A General Motors anunciou ontem o recall de mais de 8,4 milhões de veículos em todo o mundo. Com isso, o total de automóveis que precisam de reparo da montadora em 2014 chegou a 28 milhões. Isso é mais do que toda a quantidade de automóveis convocada para recalls no ano passado dos Estados Unidos, de 22 milhões de unidades.
Entre os carros incluídos na convocação estão modelos envolvidos em sete acidentes que deixaram oito feridos e três mortos. Cerca de 8,2 milhões dos carros submetidos ao novo recall têm defeitos no sistema de ignição que provocam a rotação involuntária da chave. Entre os modelos estão Cadillac CTS e SRX, Chevrolet Malibu, Monte Carlo, Impala, Oldsmobile Intrigue e Alero e o Pontiac (Grand Am e Grand Prix) fabricados entre 1997 e 2004.
Do total de carros convocados ontem, 7,6 milhões são nos EUA e o restante em diversos países. A GM brasileira informou que busca informações adicionais sobre o recall. "Caso a GM do Brasil tenha importado diretamente e comercializado no País veículos entre aqueles envolvidos nesta campanha, adotaremos todas as medidas para imediata informação às autoridades, aos nossos consumidores e à imprensa."
A "onda" de recalls da GM começou em fevereiro com a inspeção de 2,6 milhões - incluindo o Cobalt - por um defeito na chave de ignição que foi ligado a 54 acidentes, com 13 mortes.
Ontem, a empresa anunciou as regras para indenização de vítimas fatais em acidentes com veículos envolvidos nos recalls. "Realizamos o que acredito ser o mais amplo exame de segurança na história da nossa companhia, porque nada é mais importante do que a segurança dos nossos clientes", afirmou a presidente mundial da GM, Mary Barra, em comunicados.
Compensação. Um valor inicial de US$ 1 milhão para cada motorista é a base do plano para indenização das famílias das pessoas que morreram em acidentes, segundo plano divulgado ontem pela GM. O programa abrangerá pagamento de indenizações por eventuais acidentes fatais além das 13 ocorrências que a GM já reconheceu. Não existe um limite do montante que a GM está disposta a gastar nas indenizações. A companhia também garantiu que não vai invocar sua proteção contra responsabilidades envolvendo os acidentes antes do acordo de recuperação judicial de 10 de julho de 2009.
As famílias das vítimas dos acidentes têm direito a no mínimo US$ 1 milhão. A este valor será acrescentado o montante que teriam deixado de ganhar durante a vida inteira, como também US$ 300 mil para cônjugues e dependentes. Um exemplo hipotético, a família de uma mulher de 25 anos, casada, com dois filhos, que ganhava US$ 46,4 mil por ano à época do acidente, receberá US$ 4 milhões.
O protocolo prevê o pagamento de indenizações até em caso de acidentes que ainda não ocorreram (até 31 de dezembro de 2014). Isso pode custar bilhões à companhia, mas é um passo para restaurar a confiança do cliente.
Esta é a íntegra de uma reportagem de Agências Internacionais e Cleide Silva, publicada na edição de 1 de julho de 2014 do jornal O Estado de S. Paulo. O interesse em publicá-la neste blog deve-se não a reportagem em si, mas ao fato de focalizar um assunto recorrente. Em 08.09.2011, publiquei aqui uma reportagem intitulada Novo recall da Honda afeta 1 milhão de carros. Hoje, quase três anos depois, não sei quantos recalls foram convocados posteriormente, mas, seguramente, não foram poucos.
Quatro dias após a publicação da reportagem acima, o mesmo jornal publicava uma intitulada Ford convoca recall de 176,3 mil unidades do Fiesta Rocam no Brasil onde é apresentada uma relação de recalls convocados em 2014. Relação da qual constam General Motors, Citroën, Peugeot, Toyota e Honda. Ou seja, a falta de qualidade na fabricação de veículos é geral, irrestrita e abrangente. "Do total de carros convocados ontem (cerca de 8,2 milhões), 7,6 milhões são nos EUA e o restante em diversos países", diz a reportagem. Quase 93% nos EUA! Naquele país que arroga a si a pretensão de servir de modelo para o resto do mundo (é assim que ele vê os demais). Pois é, lá também existem recalls.
Que coisa estranha, hein! Em uma civilização (sic) onde cada vez mais certificações de qualidade são concedidas a empresas, é cada vez maior a quantidade de recalls convocados para reparar defeitos em produtos fabricados por tais empresas. Defeitos muitas vezes responsáveis por algo irreparável: a perda de vidas. Perda que nenhuma indenização será capaz de reparar.

Nenhum comentário: