terça-feira, 23 de setembro de 2014

Titular, Szczesny vê disputa com Ospina mais fácil: "Não é meu amigo"

Goleiro do Arsenal disse em entrevista a jornal polonês que não tem amizade e não se sente mal por deixar colombiano no banco de reservas
Titular do Arsenal, o polonês Wojciech Szczesny viu seu amigo, conterrâneo e concorrente Lukasz Fabianski deixar o time para a chegada do colombiano David Ospina. Porém, a troca não abalou sua confiança como dono do gol dos Gunners. Segundo ele, foi justamente o contrário.
"Ele [Ospina] é um cara legal. Em termos esportivos, é o jogador correto para o clube correto. Mas é mais fácil para mim em um aspecto: eu não me sinto mal por ele", disse o goleiro em entrevista ao jornal Przeglad Sportowy, da Polônia. "Eu não fico pensando que ele é meu amigo, como acontecia com Fabianski. Sempre estava convencido de que Lukasz merecia jogar - mas não às minhas custas, claro", continuou.
Apesar disso, Szczesny reconheceu o talento de Ospina, um dos destaques da boa campanha da Colômbia na Copa do Mundo: "Eu me sinto confiante como o número um, mas sei que não posso ter uma série de jogos ruins", disse. "Eu sei que as ambições dele não terminam em ficar no banco aplaudindo enquanto eu jogo", concluiu.
Há uma frase que ouvi em uma palestra que é mais ou menos assim: "Se os homens fossem, realmente, inteligentes empenhariam-se em só fazer amigos". O autor da frase eu não lembro, mas o palestrante era o saudoso Antônio Oliveira, uma das pessoas mais inteligentes e sábias que eu conheci. E ao ler a notícia acima, imediatamente, lembrei de tal frase. E ao lembrar eu me perguntei: será que esses integrantes da dita espécie inteligente do Universo são, realmente, inteligentes?
"Titular, Szczesny vê disputa com Ospina mais fácil: 'Não é meu amigo'". Considerando que, nesta civilização onde sobrevivemos, a busca pelo que é mais fácil é algo bastante praticado, a conclusão que chego é que a declaração de Szczesny encontra eco em uma imensa quantidade de indivíduos.
"Ele [Ospina] é um cara legal. (...) Mas é mais fácil para mim em um aspecto: eu não me sinto mal por ele", disse o goleiro em entrevista ao jornal Przeglad Sportowy, da Polônia. "Eu não fico pensando que ele é meu amigo, como acontecia com Fabianski. Sempre estava convencido de que Lukasz merecia jogar - mas não às minhas custas, claro", continuou.
Eu não me sinto mal por ele, pois ele não é meu amigo. Em outras palavras, eu posso fazer algo que a minha consciência talvez não aprove sem me sentir mal por alguém, pois esse alguém não é meu amigo. Ou seja, para viver sentindo-se menos mal, o melhor talvez seja não ter amigos. Que seres estranhos são os integrantes dessa dita espécie inteligente do Universo!
E ao falar em não se sentir mal por alguém, por esse alguém não ser seu amigo, me vem à lembrança um exemplo extremo de episódios que seguem essa linha de sentimento. O relato apresentado nos dois parágrafos abaixo foi copiado de um livro intitulado Vencendo a Competição, de autoria de Terry Orlick, publicado em 1978.
"Eu sabia que era certo, porque me senti bem quando estava fazendo aquilo", disse Susan Atkins, um dos membros da Família Manson ao justificar o horrível assassinato de sete pessoas. Ao descrever sua participação no assassinato de Sharon Tate, uma talentosa atriz, que estava grávida de oito meses na época, disse Susan Atkins. "Eu só a apunhalei e ela caiu; então eu a apunhalei novamente. Não sei quantas vezes fiz isso... Sharon suplicou pela vida do seu bebê, e eu mandei que calasse a boca. Não queria ouvir aquilo". Quando indagada a respeito de seus sentimentos para com suas vítimas, Susan respondeu: "Eu não conhecia nenhuma delas. Como poderia sentir qualquer coisa se não conhecia ninguém? Nem pareciam pessoas... Eu não pensava em Sharon Tate como outra coisa que não fosse um manequim de loja... Sua voz parecia sair de uma máquina IBM... (...) Nenhum dos participantes desse massacre cruel e sem sentido expressou qualquer sentimento de culpa ou responsabilidade, nem demonstrou a mínima simpatia para com suas vítimas inocentes. Eis um exemplo clássico da filosofia "cada um por si", totalmente fora de controle.
Eis um exemplo clássico da filosofia "cada um por si", totalmente fora de controle, diz a frase final do parágrafo acima. Eis um exemplo, digamos, leve dessa filosofia, digo ao publicar a notícia selecionada para esta postagem. Eis um exemplo trágico da filosofia "cada um por si", deveria dizer todo meio de comunicação ao publicar notícias focalizando assassinatos.
"Sempre estava convencido de que Lukasz merecia jogar - mas não às minhas custas, claro", é o que pensa Szczesny. "Em cada ladrãozinho prepotente que inferniza nossas vidas está um pouco de nossa indiferença, que nada fez pelas crianças que eles um dia foram...", é o que pensa Padre Zezinho scj. Em cada assassino que tira a vida de alguém por quem ele nada sente está um pouco da indiferença de todos aqueles que, vivendo em melhores condições, também nada sentiram por ele. Sim, é na nossa indiferença em relação àqueles que não sejam nossos amigos que está não um pouco, e sim "um muito" dessa trágica convivência que assola esta insana sociedade onde uma imensa maioria sobrevive ignorando a imprescindibilidade de colocar em prática aquela frase com iniciei a minha opinião sobre a notícia desta postagem. "Se os homens fossem, realmente, inteligentes empenhariam-se em só fazer amigos".

Nenhum comentário: