quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Benefícios com segundas intenções

Para especialistas, mimos oferecidos aos funcionários são também uma estratégia das empresas para deixá-los mais tempo no trabalho
Hoje, para muitos empregados, os únicos benefícios extras que podem esperar da empresa são um plano de saúde decente e uma máquina de café que funcione. Mas há quem desfrute de refeições ou sanduíches gratuitos de qualidade, além de academias de ginástica no próprio local de trabalho, nutricionistas, faxineiros e até um quarto para uma pequena sesta.
(...) Mais comumente, os "benefícios adicionais" oferecidos incluem licença paternidade e maternidade paga, creche no local de trabalho, horas de trabalho flexíveis e planos de saúde 100% pagos. Muitos desses incentivos existem na área de tecnologia ou em setores onde a competição é grande para atrair trabalhadores especializados. Mas segundo alguns, mesmo nestes setores, há poucas evidências de que eles motivam os empregados e podem servir para objetivos mais perversos, como garantir que o funcionário raramente deixe o local de trabalho.
"No resto do país as pessoas observam os benefícios concedidos no Vale do Silício e pensam 'que empresas formidáveis para se trabalhar'", disse Gerald Ledford, pesquisador sênior do Center for Effective Organizations da Marshall School of Business (Universidade do sul da Califórnia).
Segundo ele, deve-se lembrar que "estes benefícios não estão sendo oferecidos a título de generosidade, mas porque as organizações querem que o funcionário trabalhe 24 horas sete dias por semana. Se você jamais necessita sair para levar sua roupa ao tintureiro, ir à academia, comer ou até dormir, pode trabalhar o tempo todo. São algemas de ouro".
As companhias, do seu lado, declaram que os benefícios oferecidos têm por único objetivo tornar mais fácil e controlada a vida dos seus empregados.
A SAS, empresa de software que emprega sete mil pessoas e tem sede em Cary, Carolina do Norte, oferece personal trainers grátis para os funcionários em seu centro de fitness dentro da empresa, piscina coberta, salão de cabeleireiro, ambulatório médico e orientadores com quem o empregado pode discutir sua vida profissional.
Os benefícios e a cultura como um todo ajudam a "minimizar o estresse que afeta os empregados diariamente", disse Jenn Mann, porta-voz da empresa. "Queremos que nossos funcionários estejam presentes no primeiro dia de aula do filho ou possam levar um parente idoso ao médico."
Funciona? Mas será que tais benefícios oferecem aquilo que se espera, ou seja, atrair, reter e motivar os empregados? Para Ledford, não há muita pesquisa neste campo, mas embora os benefícios adicionais possam atrair, e até ajudam a reter o empregado na empresa, não parece que motivam as pessoas.
Na verdade, a pequena pesquisa feita mostra que os trabalhadores altamente competitivos estão mais interessados em prêmios individuais de desempenho do em "bondades" oferecidas para todos. "As empresas podem ser muito mais inteligentes na maneira como despendem os dólares usados nos benefícios", conclui Ledford.
Estes são alguns trechos de uma reportagem de Alina Tugend (The New York Times), publicada na edição de 23 de outubro de 2014 do jornal O Estado de S. Paulo.
Benefícios com segundas intenções! E com segundas intenções, na maioria das vezes, benefícios tornam-se malefícios. "Para especialistas, mimos oferecidos aos funcionários são também uma estratégia das empresas para deixá-los mais tempo no trabalho", diz o subtítulo da reportagem. E ao longo do texto, Gerald Ledford, pesquisador sênior do Center for Effective Organizations da Marshall School of Business (Universidade do sul da Califórnia) diz que "estes benefícios não estão sendo oferecidos a título de generosidade, mas porque as organizações querem que o funcionário trabalhe 24 horas sete dias por semana. Se você jamais necessita sair para levar sua roupa ao tintureiro, ir à academia, comer ou até dormir, pode trabalhar o tempo todo. São algemas de ouro".
Mas será que é necessário ser especialista ou pesquisador sênior de alguma renomada instituição para perceber o que é dito na reportagem ou será que é suficiente ser um funcionário capaz de perceber o que acontece ao seu redor? Ou será que o problema está exatamente no suficiente? Afinal, nesta época que merecidamente pode ser denominada era da dispersão, perceber o que acontece ao seu redor é uma capacidade que a maioria dos habitantes deste planeta possui em grau insuficiente. O que vocês acham?
Em conformidade com a afirmação de os benefícios oferecidos ocultam as verdadeiras intenções, "As companhias, do seu lado, declaram que os benefícios oferecidos têm por único objetivo tornar mais fácil e controlada a vida dos seus empregados."
E a reportagem termina com um trecho que, no meu entender, merece destaque devido ao enaltecimento da competição:
"Na verdade, a pequena pesquisa feita mostra que os trabalhadores altamente competitivos estão mais interessados em prêmios individuais de desempenho do em 'bondades' oferecidas para todos. 'As empresas podem ser muito mais inteligentes na maneira como despendem os dólares usados nos benefícios', conclui Ledford."
Competição contestada em duas reportagens publicadas na edição de janeiro deste ano das revistas Você S/A e Exame.
Na revista Você S/A a reportagem é intitulada Competição a toda prova e o subtítulo é "Ambientes altamente competitivos não geram bons resultados e só aumentam a ansiedade dos profissionais. Essa é a tese da americana Margaret Heffernan (que foi CEO de empresas de tecnologia como iCast e CMGI), que está lançando um livro sobre o assunto."
Na revista Exame a reportagem é intitulada Abaixo a competição e o subtítulo é "O mais popular entre os palestrantes do TED quando o assunto é negócios, o antropólogo Simon Sinek defende que a cooperação interna é o que impulsiona bons resultados na empresa."
Reportagens que, no meu entender, vale a pena ler, pois, segundo elas, ao contrário do que é dito no último parágrafo da reportagem apresentada nesta postagem, estimular a competição pode não ser a maneira mais inteligente das empresas despenderem os dólares usados nos benefícios oferecidos aos funcionários. E que poderão ser lidas no blog espalhandoideias.blogspot.com, no qual serão as próximas postagens.

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