quarta-feira, 29 de junho de 2016

EUA têm primeiro caso de bactéria resistente a todos os antibióticos

E.coli não respondeu a tratamento com colistina, droga mais potente da medicina
- Washington – Os Estados Unidos registraram o primeiro caso de um paciente com uma superbactéria resistente ao antibiótico mais potente que a medicina conhece: a colistina. Considerada o último recurso contra infecções que não respondem a outros antibióticos, essa droga existe desde 1949, e a resistência a ela foi identificada pela primeira vez em 2015, na China. Agora, diante de um caso americano, autoridades de saúde pública chegam a dizer que estamos "no fim da linha" na era dos antibióticos.
A bactéria foi encontrada na Pensilvânia, na urina de uma mulher de 49 anos com infecção urinária. Pesquisadores do Departamento de Defesa dos EUA afirmam se tratar de uma infecção que envolve uma cepa da bactéria E.coli resistente à colistina, segundo um estudo publicado pela Sociedade Americana de Microbiologia. Não está claro como essa resistência surgiu, uma vez que a paciente não viajou recentemente e a colistina não é amplamente usada nos EUA.
"FIM DA ESTRADA"
A grande preocupação dos cientistas e médicos é que a resistência à colistina se combine à resistência a outros tipos de antibióticos para formar infecções que não podem ser tratadas. O gene mcr-1, responsável por conferir resistência à colistina, pode se espalhar rapidamente entre as espécies, dizem os médicos.
- Quanto mais olhamos para resistência aos medicamentos, mais preocupados ficamos. – disse o diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, Thomas Frieden. – O armário de remédios está vazio para alguns pacientes. É o fim da estrada para os antibióticos se não agirmos com urgência.
A especialista Nasia Safdar, da Escola de Medicina e Saúde Pública da Universidade de Wisconsin, nos EUA, também se mostrou preocupada.
- É quase inevitável que mais casos venham à luz. É apenas uma questão de quão rapidamente as coisas vão se espalhar. Não seria um exagero dizer que estamos no final do tratamento antimicrobiano eficaz para bactérias resistentes a antibióticos - afirmou.
Infectologistas há muito tempo alertam que o uso excessivo de antibióticos nas pessoas e na criação de animais poderia colocar a saúde humana em risco, reduzindo o poder das drogas atuais. Cerca de dois milhões de americanos adoecem por causa de bactérias resistentes aos antibióticos a cada ano e cerca de 23 mil morrem dessas infecções.
Esta é a íntegra de uma notícia publicada na edição de 28 de maio de 2016 do jornal O Globo.
"Infectologistas há muito tempo alertam que o uso excessivo de antibióticos nas pessoas e na criação de animais poderia colocar a saúde humana em risco, reduzindo o poder das drogas atuais."
E não tendo sido escutados, talvez por excessiva confiança nos antibióticos, o resultado é o que aí está: o efeito Titanic. Que efeito é esse? O de um navio que, pela excessiva confiança de que era inafundável, não tendo sido preparado para enfrentar condições adversas, naufragou ao deparar-se com uma superbactéria, digo, um iceberg. Um obstáculo não totalmente visível e que tinha na parte invisível a sua maior força. Será que faz sentido fazer uma analogia com as bactérias? Inimigos não totalmente conhecidos e que podem ter na parte desconhecida a sua maior força. É por superestimar seus poderes e subestimar o dos outros que, por algumas vezes, a tal da espécie inteligente do universo já se deu muito mal. E o pior é que ela parece não aprender as lições. Será que mais do que a espécie inteligente, o que ela realmente seja é a espécie pretensiosa do universo? O que vocês acham?
- Quanto mais olhamos para resistência aos medicamentos, mais preocupados ficamos. – disse o diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, Thomas Frieden."
E ao dizê-lo me faz lembrar a seguinte frase de Friedrich Nietzsche: "O que não me mata me fortalece". Os medicamentos não mataram as bactérias e elas se fortaleceram. E lembrar também a seguinte afirmação de Peter M. Senge: "Os problemas de hoje provêm das 'soluções' de ontem". Ao abusar do uso dos antibióticos, com as 'soluções' de ontem nós engendramos os problemas de hoje.
"Agora, diante de um caso americano, autoridades de saúde pública chegam a dizer que estamos 'no fim da linha' na era dos antibióticos."
Será que estamos diante do fim de um determinado tipo de medicina? "Que teu alimento seja teu remédio e teu remédio seja teu alimento." é uma frase atribuída a Hipócrates (460 – 370 a.C), onde a.C significa antes de Cristo, e não antes do Celular, como poderão alguns, equivocadamente, imaginar. Negligenciamos a questão da alimentação, passamos a ingerir alimentos que são verdadeiros venenos, e agora chegamos à constatação de que nossos remédios são incapazes de nos alimentar. Será que algum dia a medicina ocidental mudará sua forma de atuação? Que em vez de atuar atacando doenças, ela passe a agir de forma preventiva no sentido de criar condições que impeçam o seu surgimento? O que vocês acham?
E a partir do ocorrido na área da medicina, faço um paralelo com outra área: a da segurança. Se na medicina os antibióticos chegaram a um ponto em que já não são capazes de vencer superbactérias, chegar a um ponto em que os policiais não serão capazes de vencer superbandidos é apenas uma questão de tempo. Para vocês, faz sentido tal afirmação?

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