sábado, 6 de agosto de 2016

Pagar restaurante com dinheiro pode já não ser mais uma opção

Às vezes mudar algum item do cardápio pode criar muito mais problemas com os frequentadores de um restaurante do que simplesmente deixar de aceitar dinheiro vivo para pagar a conta. É o que aconteceu com o Sweetgreen, uma rede americana de restaurantes, que em janeiro teve, segundo um de seus fundadores, a "ideia maluca" de recusar as cédulas. Quase ninguém reclamou nas redes sociais, diz Jonathan Neman, diferentemente de quando o bacon e o sriracha (molho de pimenta tailandês) deixaram o menu.
"Uma das maiores reclamações no Sweetgreen era a fila. Não aceitando dinheiro conseguimos atender os clientes de modo muito mais rápido", diz o cofundador. Segundo Neman, em seis unidades que recusam dinheiro (algumas lojas da rede ainda aceitam), os funcionários conseguem atender de 5% a 15% mais clientes por hora.
"O tempo e o dinheiro gastos na burocracia ao aceitarmos a cédula não valem à pena", diz Jeff Zalaznick, executivo da Major Food Group, que tem uma série de restaurantes em Nova York.
Não são apenas a rapidez e a economia que estão levando os restaurantes a reduzir as formas de pagamento. Uma das alternativas que estão ganhando força são os aplicativos por aparelhos móveis (celular, por exemplo). Esses aplicativos permitem que os restaurantes obtenham dados de consumo dos clientes, além de feedback.
DIFICULDADES
Abandonar o dinheiro, porém, tem seus problemas. O pagamento em cédulas nos EUA ainda representa 26% das transações. Além disso, quem não tem conta em banco (quase 8% da população) fica sem alternativas.
Cartões e aplicativos de pagamento também são sujeitos a falhas de segurança, o que pode expor dados de clientes. Outra vantagem da cédula é que, de acordo com estudos, pagar em dinheiro ajuda o consumidor a gastar menos, ao dar mais valor ao que compra.
Esta é a íntegra de uma reportagem publicada na edição de 31 de julho de 2016 do jornal Folha de S.Paulo, com a indicação de ter sido publicada no The New York Times.
Uma rede de restaurantes "deixa de aceitar dinheiro vivo para pagar a conta" e, segundo um de seus fundadores, "quase ninguém reclamou nas redes sociais", diz a reportagem. E diz também:
"Cartões e aplicativos de pagamento também são sujeitos a falhas de segurança, o que pode expor dados de clientes. Outra vantagem da cédula é que, de acordo com estudos, pagar em dinheiro ajuda o consumidor a gastar menos, ao dar mais valor ao que compra."
Ou seja, diante da perda de algo que pode ser vantajoso "quase ninguém reclamou nas redes sociais". Por que isso acontece? Porque fascinadas pela tecnologia as pessoas perderam a capacidade de interpretar corretamente o que está ocorrendo. E desprovidas de tal capacidade passam a ver como vantagens coisas que melhor interpretadas seriam enxergadas como desvantagens.
"Melhor vive quem melhor conhece; e melhor conhece quem melhor interpreta. Daí a necessidade de esforços cada vez maiores na iluminação do raciocínio.", é uma afirmação de Ariston Santana Teles que, por considerar importante demais, coloquei como primeira citação ilustrativa no blog espalhandoideias.blogspot.com.
Nada contra a tecnologia, pois bem usada ela será sempre um bem para a humanidade. O problema é que, da mesma forma, mal usada ela será sempre um mal. Tudo contra o fascínio, pois fascinado ninguém consegue usar bem o que quer que esteja disponível. "O fascínio pelo progresso nos faz cegos para o apocalipse.", afirmou Gunther Anders, filósofo alemão, em 1957. Afirmação que considero igualmente válida se trocarmos progresso por tecnologia: "O fascínio pela tecnologia nos faz cegos para o apocalipse."
Apocalipse que, no aspecto financeiro, chegará com o endividamento impagável que atingirá a maioria das pessoas fascinadas por formas de pagamento cada vez mais virtuais que culminarão em dívidas impagáveis cada vez mais reais. Para quem ainda é capaz de impressionar-se com alguma coisa, é impressionante a falta de percepção para o fato de que quanto mais virtuais são as nossas soluções (sic) mais reais tornam-se os nossos problemas.
"Pagar restaurante com dinheiro pode já não ser mais uma opção", diz o título da reportagem. "Pagar, de alguma forma, pode já não ser mais uma opção", para aqueles que fascinados pela possibilidade de pagar com dinheiro virtual não percebem que tal forma de pagamento facilmente os levará a contrair dívidas reais que dificilmente conseguirão pagar. Em tempo: Em 30 de abril deste ano, foi publicada neste blog uma postagem que tem a ver com esta. O título? Cartões de crédito estimulam gasto maior
Considero impressionante a facilidade com que a dita espécie inteligente do universo sucumbe diante do fascínio por toda e qualquer novidade que lhe propicie a sensação de adequação à tecnologia de seu tempo! É, Albert, o dia que você temia chegou! A tecnologia se sobrepôs à humanidade e consequentemente o mundo já tem uma geração de idiotas! E haja exclamações!

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