segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Aborrecidos com Brexit, judeus britânicos querem virar alemães

Legislação do pós-guerra permite que cidadãos que deixaram o Reich por perseguição possam requerer cidadania
Até a Grã-Bretanha votar pela saída da União Européia (UE), Philip Levine nunca tinha pensado muito em sua herança judaica. Mas, para garantir que ainda possa trabalhar e viver na Europa, assim que a Grã-Bretanha deixar o bloco, Levine, de 35 anos, britânico e morador de Londres, decidiu fazer o que alguns judeus, incluindo parentes seus, consideravam impensável: pedir cidadania alemã. Para isso, usou uma disposição legal alemã em vigor desde 1949, mas pouco usada em anos recentes.
(...) Levine não está sozinho ao se voltar para a Alemanha após a decisão britânica de deixar de ser membro da UE, conhecida como Brexit. Desde o referendo, em junho, a Embaixada da Alemanha em Londres recebeu pelo menos 400 pedidos de informação sobre cidadania alemã concedida sob a medida legal conhecida como "Artigo 116".
(...) "O interesse dos judeus britânicos é maior do que nunca", disse Michael Newman, executivo da Associação de Refugiados Judeus. Também está pensando em pedir cidadania alemã. A associação tem sede em Londres. "Não me lembro de ter ouvido falar em pedidos por cidadania alemã nos 75 anos da associação", acrescentou Newman. "Foi o Brexit".
Alternativas. A movimentação está entre as mais surpreendentes técnicas usadas por britânicos e europeus em busca de um segundo passaporte que lhes permita manter o direito de viajar, trabalhar e viver em qualquer lugar da UE – mesmo depois da concretização da saída britânica, em algum momento dos próximos sete anos.
(...) O que mais esperam da cidadania alemã é a manutenção da liberdade de viajar pela UE e de outros benefícios de pertencer à Europa. Judeus britânicos, especialmente os mais jovens, sentem-se confortáveis sobre a Alemanha, que, para eles, já se confrontou com o passado.
Estes são alguns trechos de uma reportagem de Kimiko de Freytas-Tamura publicada na edição de 17 de agosto de 2016 do jornal O Estado de S. Paulo, com a indicação de ter sido publicada no The New York Times e com tradução atribuída a Roberto Muniz.
"Levine, de 35 anos, britânico e morador de Londres, decidiu fazer o que alguns judeus, incluindo parentes seus, consideravam impensável: pedir cidadania alemã."
Levine decidiu fazer o que alguns consideravam impensável! Consideravam, porém não consideram mais. Por quê? Porque diante de circunstâncias absurdas, o que era impensável torna-se algo naturalmente pensável, pois enfrentar circunstâncias absurdas com alguma probabilidade de obter êxito é algo que só pode ser feito recorrendo ao que antes era considerado impensável.
E seguindo o método das considerações sucessivas, considerando a nuvem de absurdos que infesta cada vez mais esta insana civilização (sic) na qual sobrevivemos, creio que fazer no presente coisas que no passado eram consideradas impensáveis seja algo ao qual teremos que recorrer cada vez mais, caso ainda almejemos construir para nós, e principalmente para as gerações vindouras, um futuro que preste. Vocês já pensaram nisso?

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