Brasil é 6º pior em estudo em 40 países com perguntas sobre o perfil da populaçãoNo ano em que o termo "pós-verdade" se tornou um dos mais repetidos – em referência ao menosprezo da opinião pública por fatos objetivos -, uma pesquisa realizada em 40 países revela um amplo desconhecimento das pessoas sobre a realidade vivida por elas mesmas.A pesquisa "Os Perigos da Percepção", realizada pelo instituto Ipsos Mori, avaliou o conhecimento geral e a interpretação que as pessoas fazem sobre o país em que vivem e comparou esta percepção com dados oficiais de cada país. O resultado indica que as pessoas têm uma interpretação muito equivocada da realidade.Entre os temas abordados, o levantamento mostra que a maioria dos países acredita que a riqueza é mais bem distribuída do que ela de fato é. Além disso, pensam que a população do lugar onde vivem é menos feliz do que elas dizem ser, acham que a proporção de muçulmanos na sociedade é bem maior do que a realidade e que as pessoas são menos tolerantes em relação à homossexualidade, aborto e sexo antes do casamento do que elas de fato são.Segundo um dos diretores do Ipsos, Bobby Duffy, os erros na percepção podem ser justificados por uma sobrevalorização dos temas que preocupam a sociedade.
A partir dos dados coletados no levantamento e da sua comparação com dados reais, a pesquisa traçou o "índice de ignorância", listando os países em que a percepção é mais distante da realidade. A Índia aparece em primeiro lugar na lista, seguida pela China e por Taiwan. Na ponta oposta do índice, Holanda, Reino Unido e Coreia do Sul aparecem como países menos ignorantes. O Brasil aparece em sexto lugar, logo após os EUA.
O levantamento ouviu 27.250 pessoas entre setembro e novembro deste ano em 40 localidades usando uma combinação de métodos, incluindo pesquisas online, pelo telefone e presencial.
Esta é a íntegra de uma reportagem de Daniel
Buarque, publicada na edição de 14 de dezembro de 2016 do jornal Folha de S.Paulo.
"Mundo
é ignorante sobre realidade", diz pesquisa realizada pelo instituto
Ipsos Mori entre setembro e novembro de 2016. O levantamento ouviu 27.250
pessoas situadas em 40 países usando uma combinação de métodos, incluindo
pesquisas online, pelo telefone e presencial. Intitulada Os Perigos da Percepção, "o resultado da pesquisa indica que
as pessoas têm uma interpretação muito equivocada da realidade", diz
Daniel Buarque, autor da reportagem.
Será que para fazer
tal descoberta era necessário entrevistar tanta gente? Creio que não, e
explico. Se os profissionais do referido instituto conhecessem Carlos Alberto
Parreira ou tivessem lido uma entrevista concedida por ele ao jornal Folha
de S.Paulo, publicada na
edição de 15 de agosto de 1994 (após
a conquista da copa do mundo), teriam feito
tal descoberta sem trabalho algum, baseando-se apenas nas seguintes palavras de
Parreira.
Folha – O que sentia quando era xingado de burro?
Parreira – Era para eu ter ficado abatido, mas criei forças interiores. Continuo afirmando: a população é uma caixa de ressonância sem opinião própria, reflete o que ouve. O cara vai ao Maracanã, está vendo o jogo, mas fica com o radinho de pilha na orelha. É importante que alguém diga a ele o que ele está vendo. Ele não tem condições de analisar, acha que o Flamengo está jogando bem porque o rádio está dizendo.
Ou seja, há 22 anos, o referido técnico já conhecia a ignorância sobre realidade "descoberta"
pela pesquisa citada na reportagem. De futebol, Parreira pode até não entender
muito (o fiasco na copa de 2006 aponta para isso), mas de população ele entende
bastante, como demonstra sua afirmação: "A população é uma caixa de
ressonância sem opinião própria, reflete o que ouve". E por não ter
opinião própria ela propicia as condições ideais para a existência de um nefasto
tipo de profissionais: os formadores de opinião. Formadores de opinião e
ignorância da população, tudo a ver! Por quê? Porque ignorância combate-se com
estimuladores de reflexão e não com formadores de opinião.
"Mundo é ignorante
sobre realidade", diz pesquisa. Ignorância, em enorme parte, produzida
e mantida por formadores de opinião atuantes em meios de comunicação a serviço
dos que se consideram os donos do mundo. De um mundo que, convenientemente para
tais donos, "é ignorante sobre a realidade", pois, a partir do
momento em que uma parcela significativa deste mundo adquirir consciência da
realidade em que sobrevive, creio que dificilmente ela deixará de envidar
esforços no sentido de mudá-la.
Refletir sobre tudo que se vê; que se ouve; que se lê, eis a
prática sugerida para livrar o mundo da ignorância da realidade. E como um
exercício para a prática sugerida, que tal refletir sobre tudo que é dito nesta
postagem, pois, no meu entender,
aceitar o que quer que seja, vindo de quem quer que venha, sem a prática da
reflexão, jamais contribuirá para afastar deste mundo a ignorância sobre a
realidade. No meu entender! E no de
vocês? Ou seja, eis mais uma afirmação que requer reflexão, não é mesmo?
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