quinta-feira, 6 de julho de 2023

Robô-enfermeira é testada no Canadá e na Coreia do Sul

Grace, a robô-enfermeira que usa inteligência artificial para monitorar pacientes com idade avançada, interagir e fazer companhia a eles, deve ter o primeiro pedido de regulamentação apresentado à Food and Drig Administration (FDA), nos Estados Unidos, entre o fim do ano e o início de 2024, disse ao Valor Ben Goertzel, fundador e diretor-presidente da Singularity-NET, criadora da robô que está sendo testada em hospitais do Canadá e da Coreia do Sul.
"Estamos fazendo pesquisas sobre como a companhia pode elevar a qualidade de saúde de pessoas com idade avançada, que vivem sozinhas. É uma ótima notícia para seguradoras de saúde", disse Goertzel em entrevista ao Valor, após ter feito uma demonstração da Grace durante o Web Summit Rio, nesta quinta-feira, último dia do evento sobre inovação.
"Quando introduzi o termo AGI, em 2015, era algo obscuro", comentou Goertzel na apresentação. "Podemos estar há cinco ou seis anos de alcançar uma inteligência artificial mais 'humana'", projetou.
"O cientista ressalta que o objetivo da Grace não é substituir o contato humano com pacientes, mas diminuir as funções burocráticas dos profissionais humanos em tarefas como preenchimentos de prontuários médicos.
"O maior propósito não é substituir o contato humano, que sempre será importante, mas hoje vemos muitos profissionais da saúde preenchendo mais dados sobre os pacientes nos notebooks do que em contato humano com eles", ponderou o fundador da Singularity-NET, uma espécie de marketplace (shopping center) de inteligência artificial, baseado em tecnologia blockchain.
Estes são alguns trechos de uma notícia publicada na edição de 05 de maio de 2023 do jornal Valor.
"Estamos fazendo pesquisas sobre como a companhia pode elevar a qualidade de saúde de pessoas com idade avançada, que vivem sozinhas. 'É uma ótima notícia para seguradoras de saúde', disse Goertzel em entrevista ao Valor".
E ao dizer isso o fundador e diretor-presidente da Singularity-NET, criadora da robô, faz-me comparar sua afirmação com algo dito por Ricardo Barros, um empresário e político brasileiro que foi ministro da saúde no governo Temer. Algo que pode ser lido no próximo parágrafo, e que até a publicação desta postagem poderia ser ouvido no endereço (https://www.youtube.com/watch?v=B2XqF3aWobA&t=1s), a partir do final do 18º minuto.
"Os hospitais estão quase quebrando porque eles perderam no seu movimento normal as cirurgias eletivas, aquelas que não são emergenciais, os acidentes de trânsito caíram muito, também eram um motivo de faturamento dos hospitais e a covid não está ocupando na maioria do país os leitos. Então, nós estamos ainda quebrando todo o nosso sistema hospitalar financeiramente porque eles não podem fazer o seu trabalho normal e também não tem clientes covid em todo o país pra ocupar os leitos."
Será que a diminuição da quantidade de acidentes de trânsito e da insuficiência de clientes (sic) covid para ocupar os leitos dos hospitais deveria ser motivo para lamentação ou para comemoração? Depende. Depende de quê? Do ponto de vista. Do ponto de vista de seres humanos, deveria ser de comemoração. Do ponto de vista de seres monetários é motivo de lamentação. Do ponto de vista da saúde seria de comemoração. Do ponto de vista de instituições que, intituladas como sendo de saúde, mas que na verdade lucram é com doenças é motivo de lamentação. Será que é difícil enxergar que seres humanos e instituições intituladas como sendo de saúde têm interesses simplesmente opostos, ou seja, o que é bom para uns é ruim para os outros, e vice-versa.
Portanto, se, como disse o fundador e diretor-presidente da Singularity-NET, o que a companhia está fazendo "É uma ótima notícia para seguradoras de saúde", o mais provável é que para os segurados seja uma péssima notícia.
"O maior propósito não é substituir o contato humano, que sempre será importante, mas hoje vemos muitos profissionais da saúde preenchendo mais dados sobre os pacientes nos notebooks do que em contato humano com eles", ponderou o fundador da Singularity-NET, uma espécie de marketplace (shopping center) de inteligência artificial, baseado em tecnologia blockchain.
Em um mundo caracterizado pelo desprezo de uns pelos outros, na imensa maioria de tudo o que é feito, o maior propósito é algo que, no meu entender, jamais será revelado por quem o faz. Até porque em um mundo em que tudo foi transformado em negócio, há uma máxima que diz que "O segredo é a alma do negócio."
"Não o que caracteriza esta autodenominada espécie inteligente do universo não é a sinceridade, e para quem contestar esta afirmação, minha recomendação é que atentem para o seu apreço por algo denominado fake news.
Sim, como ponderou Ben Goertzel, é verdade que "hoje vemos muitos profissionais da saúde preenchendo mais dados sobre os pacientes nos notebooks do que em contato humano com eles". Ou seja, interagindo mais com máquinas do que com seres humanos. Tocando cada vez mais em máquinas do que em seres humanos.

Sim, como ponderou o fundador da Singularity-NET, o contato humano sempre será importante. E diante de tais ponderações fica, prá mim, difícil entender o que pretende o criador da robô-enfermeira. Até porque, no que se refere a contato humano, considero o papel das enfermeiras até mais importante que o dos próprios médicos. Consideração validada durante minha estada em um leito em um leito de UTI para receber tratamento para COVID. Não consigo enxergar robôs-enfermeiras fazendo o trabalho daquelas enfermeiras tão bem quanto elas. A postagem publicada no blog Espalhando ideias em 04 de outubro de 2021 é intitulada "Lição oferecida pela estada em um leito de UTI".

"Estamos fazendo pesquisas sobre como a companhia pode elevar a qualidade de saúde de pessoas com idade avançada, que vivem sozinhas.", diz Ben Goertzel, fundador e diretor-presidente da Singularity-NET, criadora da robô-enfermeira.
Pesquisas que, infelizmente, são feitas considerando que todo e qualquer problema que aflige o ser humano pode ser solucionado ignorando o aspecto humano e levando em conta apenas o aspecto técnico. Pesquisas que parecem-me desconhecer e / ou ignorar uma recomendação de Carl Gustav Jung (1875 – 1961), psiquiatra e psicoterapeuta suíço, fundador da psicologia analítica que, no meu entender, jamais deveria ser ignorada:
"Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana."
Ou seja, ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana, sem recorrer a robôs.

"Elevar a qualidade de saúde de pessoas com idade avançada, que vivem sozinhas." oferecendo-lhe uma robô-enfermeira, eis a pretensão dos criadores da robô-enfermeira. Pretensão que leva-me a fazer as seguintes indagações. Será que pessoas nas condições citadas foram ouvidas pelos pesquisadores? Será que uma robô-enfermeira as tirará da condição de sozinhas? Será que elas saberão usar a robô? Será que elas prefeririam que lhes oferecessem uma companhia humana?

"Podemos estar há cinco ou seis anos de alcançar uma inteligência artificial mais 'humana'", projetou Goertzel. Há quantos anos podemos estar de "alcançar uma inteligência natural mais 'humana'", pergunto eu.

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